25.12.08

três pontos

Acordei com a cara amassada e olhos de ressaca. Não os olhos de ressaca de Capitu, não aqueles, queria eu que deus tivesse me abençoado com este poder de sedução. Meus olhos de ressaca são aqueles inchados, com maquiagem borrada e muitas olheiras. Importantíssimo ressaltar: não eram só os olhos que eram ressaca, eu era ressaca por inteiro. Não sentia enjôo ou dor de cabeça. Não, não é isso. Acordei só com uma sede fenomenal e fiquei me nostalgiando das besteiras que fizemos ontem. Eu bebi algumas, claro, aqui está a minha juventude sendo aproveitada ao máximo, o rock tem que rolar, estou no auge, depois vem 3 toneladas e meia de responsabilidade, marido com barriga de chopp, menina pequena e descabelada chorando no meu ouvido e uma poltrona no dia de domingo. (deus que me livre de tanta quadradice). porra. tem hora que eu paro e penso que eu quero mesmo é viajar, é curtir é ter tudo só pra mim, farinha pouca meu pirão primeiro, como já diria a "sabedoria" popular. Mas porra. Só de pensar. Eu velha, sozinha e rica, it won't make sense, vou morre sozinha, não terei a quem ensinar tudo que eu aprendi viajando pelo mundo, lendo madrugadas adentro ou mesmo chegando bêbada em casa escondida de madrugada, e rodando a chave devagar pra não fazer barulho. não terei adolescentes a rondar pela casa, a chegar com cheiro de cigarro e vodca barata em casa, nao vou ter nada pra me lembrar assim de leve essa minha juventude. Se agora eu sei que tá bom, pode ter certeza que quando passar a saudade vai dilascerar. Porque envelhecer dói. Porra, dói. Dói porque você aprende mil coisas, e quanto mais se sabe menos feliz se é. Melhor seria ignorar eternamente, mas aí num tédio sem fim, seguiria as massas, ouviria pagodão e sertanejo e assistiria a novela todos os dias. Não. Não. E dói porque sua pele desidrata, seus peitos caem, você parece que seca, parece que o que há de melhor em você foi sugado, abduzido. Porra, envelhecer deve doer mesmo.
É por essas e outras, meu bem, que eu digo e continuo dizendo: não troco meu deleite por nada! tenho mais é que viver. All my dreams are made of strawberry lemonade e mesmo assim eu sei fazer o rock rolar. Nothing, nothing, nothing is gonna change my world. Nada vai me enquadradar, me encaretar. Não. Eu não serei uma velha homofóbica, amélia, servir a família. Não. A sorte que me livre deste maledeto destino.

vou escrever um livro.

arte pela arte. sem nada de mim lá dentro. seco. sem cor.
para derramar meu lirismo eu já tenho esse blog.

(tenho lido e relido os textos, e achado todos péssimos)

20.11.08

back to hell

quero me esconder, não acho aonde.

fiz promessas, não sei cumprir. 
tem gente esperando de mim em todos os âmbitos da minha vida.
não quero nem pensar em atingir a essas expectativas.
agora queria um lugar pra ficar só, eu, meus discos e livros e nada mais, quero me esconder, ninguém pra me ver, ninguém pra comentar, ninguém pra julgar, pra orientar, pra apontar, pra dar conselho. se teu conselho fosse bom, tu vendia.

eu tô exposta que nem ferida aberta, e dói, viu.
está tudo tão plano e claro que eu não encontro uma sombra ou canto para me estabelecer, para estar sozinha, para estar em paz.

16.11.08

o que é bom dura pouco (ou ao menos deveria durar - assim ninguém jamais se entediaria com o que foi feito pra entreter)

a euforia passou, só sobraram uns pedacinhos de lembrança, de nostalgia
e uma vontade ínfima de que se repita tudo, mas como antes, e não como agora, e não nesse clima repetitivo de agora. não que agora não seja bom, mas antes era antes, e tinha o gosto de novidade, tinha o gosto de eu estar saindo do inferno pro que houve de melhor em minha vida. o que há de bom se se prolongar gera comodismo, e eu não quero me acostumar, não existe sentimento que me cause mais asco do que aquele tédiozinho que dá quando você se acostuma com as coisas que antes eram boas. 

28.10.08

so sorry, it's over

todo mundo aponta e fala, sem conhecer as circunstâncias.

eu também aponto, também julgo. o que falta no mundo é espelho.
não o espelho que estimula a vaidade, o que mostra o rosto maqueado. Mas o que mostra o que é real, um espelho que reflita o que há por dentro, sem máscaras, sem as falsas imagens que tentamos ostentar.  Mas de tão podres, nos auto-destruiríamos - como aguentar ver tais imagens e associar a nós mesmos?  não aguentamos a verdade, ela dói.

eu encho de eufemismos o que aconteceu, porque talvez nem importe tanto assim, mas é mais bonito que não importe, é mais cool que eu finja que tá tudo igual. tem muita coisa que foi colocada em jogo por um segundo apenas, por alguns copos de cerveja, por algumas inconsequências. quem tá de fora não enxerga.
quem tá de fora não vê - julga. não entende - crucifica. não há quem esteja por dentro, quem entenda as sutilezas. 

fecho os olhos, desconfundo, sorrio e espero pra ver. 
do futuro eu não sei NADA!

25.10.08

meu grito, em mim

eu aceito meus defeitos óbvios.

aceito que perfeita não dá pra ser, que eu vou mesmo ter que errar e quebrar a cara mil e cinquenta vezes pra aprender. eu só aprendo assim. caindo. 

eu quero que me deixem cair. em paz.
mas não quero uma paz consentida, paz submissa, em que se cala a boca perante as ordens e determinações dos outros. submissão não tem vez em mim - não há espaço pra ela.
eu quero uma paz conquistada, uma paz de acordo, uma paz que é paz porque os eventuais causadores da discórdia e do desprazer entendem o tamanho da minha necessidade de paz. 

eu sei da minha imaturidade, eu sei dos meus erros mais vis, dos mais condenáveis. sei da imagem contrária que tento ostentar, em alguns casos. a minha paz é paz em guerra, quero paz ainda que conturbada, eu vivo em paz com a minha guerra.
quero poder ter vontade, quero poder desejar, quero poder ir lá e fazer - sem dedos me apontando, sem ordens do contrário. Não peçam para que eu me cale, o meu grito, em mim, é eterno há tempos, estou começando aos poucos a lançar seus sons ao mundo.

não tenha medo de enxergar o que há por dentro.

30.9.08

deixa o verão

não adianta que nem que eu queira eu vou deixar o deleite pra mais tarde, o mais tarde é muito tarde pra mim, o "quero agora" voltou com força total.
está incrustada em minha pele a necessidade do prazer, do deleite, da gargalhada, do exagero e da inconsequência.
sabe o que me dá forças? saber que amanhã vai acabar, e que eu vou querer de volta.
não deixo ir embora, me agarro, me seguro aos meus bons momentos- eles são mais que bons. eles são insanos, loucos, exageradamente indescritíveis. quero-os aqui pelo máximo de tempo que eu conseguir. deixa o futuro pra mais tarde. e tenho dito.

5.9.08

está na moda não se importar

fingir, fingir, sempre fingir.
a gente acorda todo dia escolhendo qual dos papéis desempenhar.
quem diz que não liga pra imagem desempenha o papel de quem não liga pra imagem - está na moda não se importar.
sua cara vale mais que o que você diz, e o que você diz vale mais do que o que você de fato é, e assim vamos nós, nesse blablabla infindável, assim vamos nós.
continuemos a fingir - fingir é humano.

(quero pertencer a outro filo)

1.9.08

gente que nunca cresce

quero voltar cinco vezes no tempo, pra apagar a imaturidade dos outros, e pra continuar a ser sincera comigo ainda que mil dedos se voltem pra mim simultaneamente. Porque ainda que eu não faça o que eu de fato quero, que eu não respeite minhas vontades, meus valores e faça o que eles fingem achar certo, os dedos continuam em riste, apontados, eternamente.
é um julgar mal julgado, uma falta de vergonha na cara, uma hipocrisia velada que ninguém nem percebe a existência, de tão presente que está, de tão incrustada na pele de cada mínimo ser que cruzar a linha da socialidade.

tem gente que nunca cresce.

18.8.08

fifty-fifty

cadê o equilíbrio?
quero entender porque infernos eu tenho que ser tão extremista.

17.8.08

Hot N' Cold

Só por dizer: tudo mudou tão completamente que eu não sei nem explicar.
Tá claro demais, mas isso não me incomoda mais.
Estou lépida, sorridente, acho que meus risos nem me cabem de tão frequentes.
Rir por nada, como antes - ou mais que antes.
O que é bom logo passa, já estou quase vendo o fim, mas vendar os olhos me parece a melhor solução.

Eu que sempre falei mal do carpe diem exacerbado da juventude atual!
Carpe Noctem é agora meu lema, não sei até quando, até onde, e o porquê.
Me agrada a permissividade que tudo se tornou, me agrada que com isso tudo, parei com minhas inconsequências - aquelas que me incomodavam, aquelas cujas consequências não me agradavam, fazer o que não me apetece, e tudo o que eu já estou mais do que cansada de lembrar - fim nessas lembranças.
fim nas idéias anti-sociais, fim nessa história de dormir cedo, de viver um dia de cada vez, o meu imediatismo voltou, e é tão bom que eu não quero deixar passar.

3.8.08

Mudez

talvez fosse melhor enquanto muda
enquanto casta, enquanto silêncio.
O ter companhia obrigatoriamente me impõe
a máscara, a dor e os planos que caem por terra.
É minha hora de decidir: A quem devo dar adeus primeiro?
Ao meu futuro, ou ao meu presente?

28.7.08

Fato:

não adianta só querer sem tocar, ou só tocar sem querer.
some mistakes are made over and over again. we don't learn.

16.7.08

esses meus dias sem a escrita

eu não vou escrever nada bonito nem lírico porque eu não tô inspirada.
vou só me descrever, me denotar, me anedotar, contar um pouquinho do que tem sido esses meus dias sem a escrita (há muito tempo eu não escrevo, enquanto antes escrevia todos os dias)

eu tava tão certa do que eu queria, tava tão certa dessa minha parcial ou quase total antisocialidade, o tal auto-exílio tão presente em tudo o que eu escrevi até agora, e enfim, acordei.
Eu ainda valorizo e valorizo tanto os meus momentos, eu ainda estou só boa parte do tempo, e aproveito o máximo desses momentos. Qual é a lógica da dependência entre as pessoas? Por que as pessoas se sentem mal estando consigo mesmo? Eu sou pra sempre a minha melhor companhia.

Mas eu senti de novo o gosto de socializar, de rir com gente que eu não conheço, de falar das mais diversas besteiras. Não só com as pessoas de sempre, que eu via sempre, que eram um refúgio quando estar só era tão frequente que transformava o deleite em tédio. Estou lentamente me reincluindo - NÃO, eu não vou rir do que me apetece, não vou ouvir músicas desconexas ou falar com quem me dá nojo. Mas dar uma oportunidade às pessoas para me mostrar o que elas podem ser afora a imagem. Saber dividir meu tempo entre a diversão com eles e a diversão comigo. É bom ter com quem rir. Quem mais me corresponde, infelizmente, eu não posso ver todos os dias. Mas talvez se eu visse todos os dias não me correspondesse tanto assim. Tudo, um pouco de longe, tem mais beleza. É necessário um amor um pouco míope para se tolerar a convivência.

Eu comecei a ver as coisas de outra maneira. Fui, com um grande sorriso, a um show de Teatro Mágico, para o qual eu não queria ir por INÚMEROS motivos que não vou perder tempo citando. Porém a ventura me trouxe um ingresso de graça, e aí? Fui. Fui e me reformulei. Prestei atenção em cada detalhe das letras que de tão repetidas pra mim já tinham perdido o sentido, e entendi o lirismo, o sentimento que é posto ali. Achei lindo quem quer que seja que vive de arte. Gostaria de ter coragem - não tenho. A arte é o que me alimenta, quem seria eu sem música? Me embebedo de música, a música é a minha droga, enfim. E o teatro foi por muito tempo minha terapia, me dói admitir que não é mais - mas voltará a ser quando puder, eu me prometo!

Eu agora vi que os sonhos são outros, eu vi o valor da emoção de novo. Eu estava tão racional. Estava (e estou) me jogando nas exatas, estudando (e continuo, não pretendo parar), racionalizando, negando o ilógico, ponderando, escondendo-me. Eu fui até tímida por muito tempo. Não sei como me tornei, eu era tão falante, e gargalhante, tão feliz! eu não sou infeliz, mas não tenho um sorriso estampado na cara, e também já não escrevo bem como antes (eu já nem escrevo. estou quase me obrigando a escrever isso aqui, porque sei que é escrevendo que sei me expressar melhor - olha aí, estou negando expressões)

eu reconheço o valor das emoções, do amor, da pureza, da dúvida, da incerteza. reconheço que tenho que sentir mais e deixar fluir tudo ao meu redor, sem me isolar de nada e nem ninguém porque ninguém é uma ilha (acho eu). Não é só isso que o show me permitiu pensar, eu lá pensei em tanta coisa pra escrever, um raro momento de inspiração, porém demorei pra passar pro papel, e tão rápidas como as idéias vieram à mente, se foram. Ainda sinto de leve o abrir de olhos que esse show me proporcionou. Com o perdão do clichê maior de todos, desabrochei.

9.7.08

velório

[ontem ia ser meu último dia de teatro do semestre, então tinha que apresentar um monólogo a minha escolha. eu não gosto de monólogos e acho eles sem sentimento algum, acho que o teatro perde o sentido de ser em monólogos. enfim, mas era o que eu tinha que fazer. vesti-me de longo preto, pus umas luvas pretas, prendi o cabelo em coque e pus um batom vermelho. me veio a idéia de fazer um velório. um velório de uma parte de mim. ficou meio bizarrinho e muito metafórico o texto que eu criei, mas como não pude apresentar nem esse nem nenhum, para que ele não se perca, publicarei aqui]

hoje morre esta menina que sorri, que fala, que canta, que não tem vergonha, que samba, que faz o que lhe apetece.
Olha, lembrar é bom.
Lembrar da velha libido, das velhas gargalhadas, dos velhos desejos.
Sim. Comemorar a vida! Dançar 8 horas seguidas sem parar, beber vinho barato até vomitar, gritar até perder a voz, rir até doer muito.
Um deleite! Me tocar, assim, me permitir.
Deixar que alguém me toque, necessitar do toque, arder, arder, arder.
Um sorriso pintado a noite inteira. E essa tragédia que é viver, essa tragédia.
Tanto amor, que fere e cansa.

We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
(repetir infindavelmente)

me levantar.
Eu hoje aqui, apática. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim.
Eu hoje, aqui, só. Eu, em uma ilha. Eu, sem emoção. Eu, sem cor. Eu, e meu fim.
soy yo, mi amigo, soy yo. por favor, me reconheça. ou não, ou passe direto num encontro desses casuais, passe sem falar de propósito, passe pensando "coitada", passe rindo do destino que você acha que eu tive. passe, passarão, passarinho, todos vocês! não aceito mais frases do quintana, já não me apetecem mais. e o que me apetece? a agonia de toda essa paz - o silêncio me dói e alimenta meus dias.

3.7.08

um pedaço de euforia nesta minha apatia constante

faça graça.
o colorido que me envolve e chega a seu ápice na minha gargalhada mais sincera.
o cheiro dos seus cabelos despetalando a minha timidez, expondo-a, dizendo-a: pra quê?
eu sem saber dizer. mas o não dizer foi o que havia de melhor, o não dizer foi a razão dos meus sorrisos. você é um pedacinho de carnaval, no meu dia de chuva.
eu sei que ontem não choveu, mas tem chovido tanto ultimamente. nem parece que eu vivo numa das mais ensolaradas cidades. nem parece, nem parece. nem parece que você é assim tão velho, você não tem as marcas do tempo. eu tenho. eu pareço mais velha.
você é mais um desconhecido que possui o seu encanto por ser desconhecido, esta é a tua graça, continue no anonimato. só pra mim, só pra mim. para os outros você brilha, porque é estrela já pré-determinada, seu destino é mesmo este, seu destino é dançar no topo dos teus sonhos.
o que há de desconhecido é o que sempre me atraiu, porque eu me permito imaginar, porque eu me permito desenhar o que você ainda não me mostrou. sorrir inteiramente, meu pedacinho de carnaval. muito obrigada por me conceder sem saber um pedaço de euforia, nessa minha apatia constante.

17.6.08

Janaína quis chorar, não conseguiu.

Janaína quis chorar, não conseguiu.
Era uma faca de dois gumes.
Se ela falasse, ninguém acreditaria. Se não falasse, teria desistido sem tentar de uma das coisas que mais gosta na vida.
Ela queria chorar por causa do tamanho da crueldade, e por causa da dúvida de sua existência.
dúvida dói, todos nós sabemos disso. Será que alguém pegou? Será que alguém roubou?
Será que está escondido em algum canto da casa além dos pequenos olhos dela?
Poxa, cadê? Se ela falar, vai se despedaçar em dúvidas, ainda mais, ao som do grito alheio, vai ser acusada de acusar sem porquê, vai ser considerada culpada, vai ter que arcar com o preço.
ela tá prestes a implodir de tanta angústia.

28.5.08

avessa-me

um beijo;
desaguamos.
derretemos,
fundimo-nos.
dessolidificam-se os nós, dessolidificam-nós.
seu toque em meu toque minha pele arde por dentro; avessa-se.
continue aqui, não me solta nem por um segundo - só nós sabemos, só nós.

22.5.08

what exactly do you mean with "social life"?

Rir do que não me apetece, dançar um ritmo desconexo e viver por quem não me corresponde?
a minha vontade há tempos cessou - não há mal nenhum em estar tão só.

20.5.08

Eu tenho escrito pouco, porque tenho pensado mais.
Não que eu sinta menos, ou que eu não escreva quando penso. Sinto igual ou até mais, já há um tempo vivo uma turbulência que até hoje se faz eterna. mas este blog sempre foi lugar para sentir em linhas, se é que eu me faço entender, dos mais vis aos mais belos sentimentos, eu vim aqui registrar todos e o que eu tenho escrito ultimamente não é nada poético.
tenho estado só, só em todos os sentidos que você possa querer eventualmente interpretar,; só fisicamente e só internamente também. eu talvez tenha me isolado, com toda aquela história de "morar no interior do meu interior" ou talvez eu esteja perdendo aos poucos a capacidade de me sentir à vontade com as pessoas - como naquela crônica de Danuza Leão que eu li outro dia. Aconselho, por sinal. Talvez eu tenha crescido então, ou amadurecido, mas todo esse blablabla não me interessa, eu sei o quão imatura eu sou, sou eu que estou comigo todos os dias pra presenciar meus piores defeitos e a minha infantilidade ainda mais que presente.

Tenho pensado no futuro. Mudado de idéia, pensado diferente. Tenho conseguido me imaginar correndo riscos. Tenho estudado, até. Meu boletim veio muito bonito. Mas fora isso?
Deito tudo ao chão, como tenho deitado a vida! Já dizia Fernando Pessoa, em meu poema preferido, que eventualmente eu li ontem e cabe perfeitamente no meu estado atual.

eu larguei de mim já faz um tempo. eu me esqueci. eu já não me cuido mais, já não me importo com a aparência ou com meu estado emocional, estou apática. obviamente que ainda sou capaz de me indignar, quando eu não for, estarei morta, mas estou apática ainda assim. finjo não me importar durante 23 horas do meu dia, a outra uma, eu resolvo pensar em uma outra coisa qualquer. estou escrevendo o que há de meu íntimo, mas estou escrevendo o que penso - o que penso do que eu sinto, e penso que estou dizendo demais, que estou expondo demais. mas estou só neste blog como estou só em mim, e não tenho medo nenhum de ser lida. que leiam-me, que decifram-me, que interpretem-me, eu estou disposta a me expor ao vazio.
e deito tudo ao chão, como tenho deitado a vida.

13.5.08

Ensaio sobre a preguiça

Tem bilhões de pessoas no mundo. Os baianos particularmente têm fama de não fazer nada. Eu no caso abrangeria esse conceito ao Brasil inteiro. A preguiça não é só física. É intelectual.
Mas eu me pergunto: Fulano ganha o mesmo que Beltrano, e trabalha na mesma empresa que Beltrano, e trabalha 10x mais. Por quê? Porque Fulano não consegue ver nada errado e ficar quieto. Porque Fulano é inquieto e perfeccionista, porque quer que tudo dê certo, porque acaba assumindo o trabalho de toda aquela maioria que não quer nada. Beltrano, porque sabe da existência de Fulano, trabalha menos ainda, já que tem garantia de que todo o trabalho seja feito. E nem que ele quisesse trabalhar, talvez Fulano não permitisse. Nenhum trabalho é tão bem feito como aquele em que Fulano está envolvido. Os Fulanos sustentam o mundo, enquanto os Beltranos usufruem do resutaldo. Vendo por essa lógica, os Fulanos são os explorados, são os burros, são os que sofrem, são os que perdem a vida a estudar e trabalhar para sustentar a vagabundice alheia.
Fulanos são frustrados e fulanos não gostam de perder. Fulanos não se vêem no direito de ter preguiça, de falhar, de pôr tudo a perder. Livrai-me então (se ainda der tempo) de ser um deles.

8.5.08

não há nada pior

do que constatar um completo fracasso por trás de todos os últimos sorrisos.
desisto, desisto. não quero mais ganhar absolutamente nada. aceito a mediocridade.

4.5.08

abismo multifacetado

e assim nós vivemos.
de vez em quando a crueldade vem à superfície, e se deixa ver.
nós vivemos na superfície - não nos apetece mergulhar.
é mais confortável olhar pra dentro.
não há meios de se optar pela escuridão.
uns, são deliberadamente empurrados.
mais fundo,
mais fundo. eternamente.
nós todos preferimos ignorá-la.
eu prefiro.

e enquanto uns julgam-se superiores,
ordenando balas, incendiando futuros, alardeando discursos.
outros gritam, em silêncio ou não, querem ver-se livres.
querem saber novamente definir a paz.
eu não sei.
eu não sei gritar.


a vida? a vida é sorte.
não cavamos nosso próprio abismo,
ele vem junto à nós.
e não há mesmo como fugir, contrariar o que nos foi determinado:
gritar, com desespero, pôr as vísceras pra fora,
ou mesmo rezar. pedir pela hora da partida.
cair aos poucos, ou de uma só vez.
esquecer-se.
cada um encontra sua própria dor da maneira que lhe apetece.

Eles dizem: dar a luz.
Uma criança, uma luz.
Mal sabe as dores que uma vida pode gerar.


Quando a crueldade se mostra assim, só um pouco,
eu choro. eu me indigno. sinto-me indigna de participar deste grupo, desta raça, filo, espécie.
humanidade. chamam de desumano o que é cruel. quem é humano, então?
e a dor? é humana? é racionalizável?
e o descontrole?

eu neste momento sinto vontade de agradecer,
não sei nem a quem, por ter nascido de quem nasci.
onde nasci. com todos os órgãos de meu corpo.
por ter nascido em tempos de paz. por, por ventura, estar viva até hoje.
por não ter tido que encarar o que há por baixo.
não há justiça - não há.
somos distribuídos por mero acaso neste planeta, posto ao acaso num universo tão grande que a minha mente ilimitada não cabe medir. somos vítimas da sorte. do acaso.
é o que há de mais cruel. o acaso é o pior dos destinos.

e eu digo agora, sabendo o quão clichê vou soar,
sabendo o quanto repetem isso à exaustão.
eu sinto vontade de lutar pela justiça enquanto posso.
no plano em que eu posso. lutar pelo que há de desumano.
erradicá-lo, não ter mais que assistí-lo, nem superficialmente.
não precisar mais ignorá-lo. preste atenção:
quero ter o direito de tentar mudar.
apenas tentar. tentar a sorte.
nesta loteria de desenganos.

quero permitir-me iludir - desde que isso me leve a tentar. a lutar. a manter-me tentando, não importa o que aconteça. é o que há de subjetivo em nós que nos mantém firmes e fortes na objetividade. são meus sonhos quase irreais, utópicos, que me mantém acordando todos os dias pela manhã para tentar. tentar silenciosamente. tentar, ainda que ignorando. tentar. permitam-me. permitam-me escrever o que vocês não querem ler, permitam-me escrever para organizar minhas pequenas dores, tapar meus buracos. sei que ainda é cedo, mas já vou.

28.4.08

o começo do fim

eu me incomodo com o padrão simplesmente porque não é do meu feitio alcançá-lo, porque não movo um músculo nem pra tentar. é contra tudo o que eu quero pra mim. eu não vou viver de aparências - não vou gastar cada segundo precioso da minha vida pensando no que há por fora. o padrão é também comportamental - também não me encaixo. não me encaixo, não porque não quero me encaixar - embora não faça a mínima questão - mas só porque não. Porque não me agradam os gritos vazios de significado dessas vidas vazias de significado. Porque muitas vezes me apetece mais a minha companhia, a dos meus discos e livros e nada mais. Se eu me encaixasse, não me preocuparia com o padrão. A agonia de não se encaixar vem da vontade de mudar esse padrão, da vontade de encaixar os outros em si, da vontade de pertencer a um grupo, seja ele qual for. É o que faz as pessoas reunirem-se em grupos determinados por características que nem sempre importam, não são capazes de suportar a solidão de ser único. Após várias tentativas frustradas (alguns passam a vida tentando) de mudar o padrão a si, uns mudam-se, deformam-se, encaixam-se. Outros, se tornam autênticos, aprendem a viver sós. A viver por algo que lhe apeteça verdadeiramente, a viver por si e não pelo social. Sim, o social. Pois é. Sei que todos falam do social até a exaustão, até falar do social já virou socialmente aceitável, alguns acham bonito se você fingir que não vive pelo social. Fingir agora é padrão. Mentir agora é padrão. Os valores se inverteram, se perderam no abismo das modas nem sempre cíclicas e muitas vezes cruéis. Viver socialmente sem dúvidas molda todo mundo. uns mais outros menos, mas o social lhe determina, diz quem você é. já diziam os escritores naturalistas do século passado, o ser humano é produto do meio. do meio ou não, eu sou eu. as influências em mim atuaram de modo diferente. eu escutei as mesmas músicas, vi as mesmas aulas, li os mesmos livros e sou ainda assim diferente, é o que permanece. é o que não se modifica, ainda que eu vá a um meio degradante e me degrade também, é o que há de experiência em mim. é o que se aproveita da vida, que de justa não tem nada. é o que há de belo. é você poder lembrar, é poder escrever suas memórias, contar suas histórias pros seus netos. é você ser capaz de identificar em você e no outro o que há de autêntico, apesar das adversidades. até que o fim chegue. "esse é só o começo do fim da nossa vida"

16.4.08

Sou egoísta, me priorize

Sou egoísta, me priorize
quero prioridade recíproca,
e seria de mais tato gastar mais tempo ao formular suas desculpas

Sou egoísta, me priorize
não entre nesse joguinho de sim e não

agora, fugirei!
não pertencemos ao mesmo plano - não priorizamos as mesmas coisas;
não é para mim me relacionar com gente submissa, com gente que prioriza o efêmero
insistir nisso é pedir um fim pior lá na frente.
Se chamas de egoísmo lhe pedir para priorizar suas próprias amizades, sou sim egoísta, e prefiro me relacionar com pessoas também egoístas.

Prioridades recíprocas, egoísmos recíprocos... Sempre válidos, desde que recíprocos.
A nossa reciprocidade se estilhaçou.

13.4.08

Eu estava bem, mas ainda assim via as coisas de fora.
Não era tudo assim tão lindo e fraternal, não era um retrato da união e do esforço.
não há o que me faça pertencer a este lugar, não há o que me faça sentir-me parte deste grupo de verdade. há diferenças do meu isolamento de antes, mas vejo que talvez chegue a hora de dizer adeus, e rezo pra que essa hora chegue, embora seja claro pra mim que pessoas assim me seguirão onde quer que eu vá.

9.4.08

(...)

"Você é a pessoa mais esforçada que eu conheço"
Ele disse.

Eu ri. Não sei se isso é bom ou ruim.
Neste momento, é péssimo.

1.4.08

She hid that fact

Eu falo do momento presente - escuto mil e quinhentas vezes seguidas a mesma música. E não há uma só palavra pra definir o instante agora que seja mais adequada do que a própria música.


Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés

dezesseis

esperar que se tenha um bom dia é pedir uma frustração,
mas o que substituiria o sabor de esperar?
a realização é só um êxtase temporário, o melhor dos gostos ainda é mesmo esperar.

25.3.08

Rir com gosto

Ora, mas é muito bom mesmo ver que a sabedoria popular tem razão ao dizer que aqui se faz e aqui se paga. Rir da desgraça alheia não é nem nunca foi muito bonito, mas deixando de lado todo e qualquer falso moralismo, digo: Bem feito.

Achar-se superior, desmerecer e humilhar, deixar no chão, desestruturar alguém. Frustrar alguém. Deliberadamente. Agora bem feito, meu bem. O destino fez de você uma mulher pobre, não só no bolso mas no espírito. Uma mulher ignorante, desprovida do saber. Preguiçosa, no pior sentido da palavra, da inércia diante da vida - você NUNCA será nada. E não diga que foi por falta de oportunidade, dê graças à Deus que você me conheceu, que recebeu minha ajuda. Mas jogou a minha ajuda fora, junto com seu futuro, com a sua beleza, você era linda!

Pois que fique aí com sua vidinha medíocre, com sua apatia diante da vida e da morte. Com seu amor de conveniência, com sua aparência nojenta. Você jogou no lixo tudo que havia de bom em você. E eu? Eu rio sim, sem culpa - eu lhe superei, superei os males que você me trouxe. Se você achou que eram permanentes, enganou-se, minha flor, hoje rio e rio com gosto!

12.3.08

descrer

eu desacredito de tudo.
tenho tentado achar fiapos de luzes ao fim de um túnel - que túnel? - que eu não sei nem se tem fim.

mas, sendo franca, destes tempos, tenho a dizer apenas que tenho desacreditado de tudo. de qualquer possibilidade de rendição.

6.3.08

uma fase que, thanks god, já passou.

dois pequenos textos, escritos de qualquer forma, sem estética ou intenção.
refletem bem uma fase que, thanks god, já passou.

I
Preciso aprender com o silêncio. A preservá-lo, a compreender as mensagens implícitas nele.
E as vantagens de me omitir. De guardar em mim o que penso de tudo.
O silêncio grita quando há constrangimento, acalma quando há agonia.
Vou calar-me e morar em mim. Deitar na cama e olhar pra dentro, vou sair dessa inércia mental e aprender tudo que me apetecer. Numa viagem interna, para sempre e sem volta.

II
O encanto se perdeu. Nem dor eu senti.
São também os sentimentos frutos da imaginação. Algumas idéias ficam, enquanto outras se vão tão rápido que nem se percebe. Você veio e antes que eu piscasse os olhos, se perdeu no abismo do desencanto.
Eras tu idéia pura, idealizei-te pela minha total impossibilidade de tocar-te, como faziam os poetas românticos. Mas eu não sou romântica - sou só. Chamei de emoção a melhor das idéias.
Enquanto mistério eu lhe interessava, enquanto dúvida lhe apetecia, lhe fiz pensar. Ao revelar-me tu nada soubes de mim, mas eu enxerguei-te no íntimo. O lado podre da maçã, como você se referiu.

Não és quem supus, querido. És real, e por seres, me nauseia.

29.2.08

me surpreendi

vou ser objetiva:
me surpreendi em saber que a situação de caos que eu antes assistia e não conseguia ficar quieta (injustiça e preconceito me deturpam o ânimo, eu perco o controle) continua firme e forte, ainda que sem minha presença.

a tendência é que o tempo melhore as coisas, sim, é, mas parece que vai demorar muito mais do que o aceitável.
é que minha vida tá tão leve, sabe, os dias estão passando de uma forma boa, não há mais atritos, fiz as pazes comigo e com o resto das pessoas que eu convivo.
e a distância desse caos me levou a crer que as coisas melhorariam, mas ilusão minha.

sei que parece egoísmo, mas dou graças à sorte pela minha distância.
e peço à mesma sorte, ou ao deus de quem acredita, que resolva as coisas por lá.


escrevo apenas, e só apenas, pra deixar registrado um pedacinho da minha indignação. :)

26.2.08

Nublado em mim

Está sol lá fora, mas nublado em mim.
Enganei a mim mesma o tempo suficiente pra que a realidade me batesse na cara.
sinto-me podre por dentro, e apodreço mais por não compreender meus motivos.

quero expor-me ao íntimo, quero pôr nestas letras cada ínfima parte do meu desespero mudo, da minha dor lenta, da melancolia em que me enfiei.

a dor é uma decisão.
decisão de não aceitar o estado que me foi designado desde que nasci, que me acompanha aonde quer que eu vá.
é uma decisão não lutar contra este estado.
é uma decisão fingir não me importar.



sinto como se fugissem todos. escondem-se, assistem de camarote enquanto eu luto duramente com a realidade. Enquanto estou de eterno luto. Enquanto choro imóvel, enquanto tiro cada dia um pedaço de mim, sem mover um músculo. Luta? Não há. Não ouso me mover.

Sou submissa. Aceito. Não questiono. Deixo que um simples detalhe leve embora a cor do meu rosto. Deixo que meus raros dias de sol se despedacem sem reclamar.
Quero dormir e sonhar com outra mulher que não eu. Qualquer que seja. Qualquer uma que não precise fingir.


Eu sou uma farsa.

25.2.08

O sol me contou.

E o sol passeava entre o sono dela e a euforia dele.
Ela dormia à tarde, se sonhava, não poderia saber.
Mas ele sonhava visivelmente, sonhava com o corpo, ah, se sonhava..

O tempo? O tempo parecia não passar.
E ele rezava. Rezava e agradecia. Agradecia e pedia pra que quando passasse o tempo,
eles não se despedissem só com um beijinho sem gosto e vazio de significado.
Rezava pra que mesmo depois que o costume invadisse suas vidas, ainda houvesse abraços apertados e beijos sinceros.
Na cama, ela sentia o gosto da preguiça. Sentia o cheiro dele no travesseiro e desprendia o maior dos sorrisos.

O fim da história, o sol não me contou. Ele teve que ir embora e dar lugar à mais colorida noite daquele ano.

21.2.08

como era antes.

Ela se cansou, se enfastiou, largou de mão. jogou a toalha, bateu com a mão no tatame.
Desistiu!
Nem se arruma mais. É nítido na sua face sua nova inércia diante da vida.
Já não quer mais nada, já não fala mais nada, já quase não sente.
Sobra uns resquícios de sonhos inerentes à sua pele, frágeis como pó de giz.
Só de ver, me dá uma dó...

"Quero a tua força como era antes"

20.2.08

Devaneio Dois

Me incomodam os gritos vazios de significado destas vidas vazias de significado. Divertem-se com futilidades, têm o júbilo em palavras vazias de idéias. Tudo balburdiam, não há silêncios.
Me impedem de concentrar-me em mim, de fazer o que é mais raro e valioso nos dias atuais: pensar.
Condeno-me porque inevitavelmente sinto-me superior, e isto é sintoma de podridão.
Superior ou não, não me encaixo, não sou daqui.
Estes seres, desprovidos de consciência, deixando que a juventude passe sem que sintam, sem que se dêem conta.

19.2.08

Devaneio I

Eu pertenço às minhas idéias, e não o contrário.
Elas me condenam a uma eterna busca cuja mais-valia irá comigo ao túmulo.
O entusiasmo, o tempo trata de borrar. Chama de imaturidade, me pede pra esquecer.
Por isso escrevo! Pela vil consciência da efemeridade das minhas palavras, das tantas fases da minha vida.
Amanhã crescerei e meus escritos serão outros, com um pouco menos de paixão.
A vida encarrega-se de entediar-me um pouco mais a cada dia.
Escrevo, então, com o propósito de eternizar essa minha eloqüente e desesperada vontade de saber.

17.2.08

Brasília, 30 de Janeiro de 2058

Meu nome é Lucília, eu tenho 34 anos e eu procuro desesperadamente qualquer ser humano não acéfalo para me relacionar.
Caso se julgue nessa categoria, submeta-se à mais profunda reflexão, para não afirmar ser o que não é. Dizer ser o que não é tem sido um dos principais sintomas da acefalia.
Caso não seja capaz de submeter-se à uma profunda reflexão, ou não seja capaz de ler este artigo até o fim, feche este jornal.

Tenho esperanças de que entre os poucos que ainda lêem jornais, ou entre os poucos que ainda lêem qualquer coisa que seja, eu ainda encontre alguém que se livrou desta doença, deste desgosto, dessa epidemia de futilidade e podridão. Se há ainda este alguém, que me telefone, pois é preciso urgentemente perpetuar nossa espécie neste imenso mundo de ignorância em que estamos enfurnados. Para evitar que de péssimo venha a pior, decreto estado de calamidade pública e peço ajuda entre os milhões para achar um único, um único homem fértil de boa cabeça e que ainda saiba ler, escrever, e abrir a boca sem que dela saia nenhuma imundície, isso se sair alguma coisa.


Aguardo respostas ansiosamente.
Muito obrigada.

16.2.08

Se quer saber a verdade

Prefiro meus livros a teus beijos.

15.2.08

10 minutos de agonia diária.

eu tenho me encontrado diariamente com o passado.
literalmente. não estou metaforizando, não estou com meu lirismo clichê de costume.
todo santo dia, quando eu consigo crer que estou numa nova fase e sorrir, encontro um rosto.
que antes.. eram aparições eventuais. mas que é o símbolo mor de um passado que eu não quero lembrar.

e agora eu me encontro, todos os dias, involuntariamente, com este indivíduo.
o rosto em si nada significa. nem corpo. nem alma. cérebro então.. meu deus!
o que significa é a simples presença dele. é. maldita nostalgia associativa.

basta ver o rosto e o sorriso (bonito sorriso, por sinal) que me vêm na cabeça mil momentos diferentes.
como pode uma só aparição me lembrar um grande fracasso, uma grande inconsequência e uma grande frustração? momentos completamente distintos. ao mesmo tempo. e ele não tem relação direta com quase nenhum dos incidentes supracitados.


Pois bem!
por mais normais e interessantes (não encontrei palavras melhores para descrevê-los) que tenham sido meus dias ultimamente, me é reservado pelo menos uns 10 minutos de agonia diária.
mas amanhã.. amanhã é o meu dia de folga. :)

11.2.08

Há tempos

Que eu prefiro o sigilo.
Quebrei-o em mil segundos seguidos, estilhacei-me no tempo.
O que se apaga, não volta.
Está muito claro. Olhar pra frente dói.

10.2.08

take your shoes off

Todos os dias tiro o sapato para entrar em casa.
Motivos não faltam: higiene, vontade, costume.
É involuntário.

Hoje... Ao entrar no carro, em movimentos quase automáticos,
deixei os sapatos do lado de fora.
E fui para casa.

Dei-me conta só ao estacionar o carro. E voltei gargalhando para buscar meus sapatos.
No mínimo, peculiar.

não precisa explicar porque veio

entre e vamos fingir não fingirmos mais

7.2.08

transfiguração.

tá, os acontecimentos me obrigam a levar uma vida pacata e normal. (normal? jamais, né)
não que eu não goste de ler livros e passar um dia inteiro vendo filmes.
não que eu não queira estudar pra pensar no meu futuro, ou que eu deteste ficar em casa.
Não, mas é uma delícia o carnaval, sabe. Não o carnaval, o feriado, mas a euforia.
É bom saber que no outro dia, quando você acordar, vai dançar, entrar em êxtase, pular, fazer tudo que chamam de errado, divertir-se e esgotar-se fisicamente de tantos sorrisos.

Mas há as regras, as morais, os problemas. Era a ordem, era a prova, era o estudo, o uniforme, o futuro. Só um lado do mundo, afinal. E vou me entregar de corpo e alma a esse lado do mundo.

Às delícias das letras. Escrever como nunca, ler, ler, ler, comprar uma biblioteca só pra mim e fazer simulado de vestibular em plena quarta feira de cinzas, quando só restam as cinzas da felicidade de ontem.


Quando eu tiver em São Paulo, só, livre e responsável, tendo que lavar minhas próprias louças, eu me dou tempo para essas coisas.

Largo de mão a intensidade clichê das festas atuais. Não porque eu não goste. Mas porque não preciso delas, não posso com elas. Agora.. shows de mpb, livros, filmes, cozinhar nos fins de semana, fazer curso de espanhol, francês, italiano, estudar pro vestibular. Ler dotoiévski. Dormir cedo. Aprender fotografia. Trocar um aniversário e o dinheiro gasto no presente por um livro novo. Ver novela (oh, god). Discutir a fotografia do filme novo que saiu no circuito sala de arte. Trocar o álcool pela água mineral, pelo café quentinho. Andar de bicicleta na orla (eu não sei andar de bicicleta). Trocar os homens pelas letras. E etc eterno. Levar uma vida pacata.

Menos agitada, mas não menos agradável. Boa sorte para mim.

26.1.08

...


"A thousand miles seems pretty far,
But they've got plans, and trains and cars
I walk to you if I have no other way"


Quase me despedaço em saudades.
Preciso saber de você. E me sinto absolutamente louca por isso.
Como saudades? Estou delirando, imaginando coisas, meu deus, como posso estar com saudades? Você nem do meu nome se lembra, está agora em alguma mesa de algum bar de alguma cidade bem distante com alguma companhia bem melhor. Eu fecho os olhos e confundo ternura com amor, solidão com saudade. desconfundo.

olho bem dentro dos meus olhos no espelho e rio de mim.
acho que encontrei uma nova forma de sair daqui.

E bate em paz.

Talita era moça moderna. Diferente. Não o diferente igual que hoje todos dizem ser. Diferente, mesmo. E digo diferente, porque é tanto que eu não sei descrever em palavras.


Enquanto mascava chiclete e se lembrava do pôr-do-sol de ontem, escutava num fone a música que teu amigo, também diferente, lhe dizia ser de um novo seriado inteiramente gay. Sorria, mas sem rir. Queria relaxar, à todo custo. Livrar-se das preocupações, dos elos, dos abraços que ainda não se desenlaçaram, ainda que os corpos ainda estejam separados. Cuidar de pequenas feridas, que juntas podiam fazê-la desintegrar a qualquer instante.



Por isso estava no ônibus, seguindo à rodoviária de Salvador. Pra seguir pra uma cidadezinha bem pequena no recôncavo baiano, daquelas cidades que de tão longe nem se ousa dizer o nome. Para esquecer-se. Achar-se, entender-se. Se há um conselho que eu dou é: se alguém está tentando se achar, fique onde está. Caso contrário pode acabar perdendo-se para sempre. Mas Talita não me ouviu. Não quis me ouvir. Julgava saber o melhor para ela. Quem sou para contradizer?


_______


Juvenal era homem bruto. Da roça, do sertão. Homem de personalidade peculiar, que não se ver em qualquer um. Há quem diga que foram os raios de sol, que penetraram tão fundo em tua pele e alma que a modificaram para sempre.


Mas Juvenal não era diferente. Não, não. Era comum. Mais comum, impossível. Era um dos homens que arrancam um pedaço de si ao retirar-se de seu tão amado chão para seguir para o futuro sempre incerto de uma viagem à cidade grande. É um dos homens que não têm em seu vocabulário a palavra "adaptar". E se a têm, a esquecem, no momento em que tocam seus pés neste chão asfaltado, e que escutam o primeiro sulista exaltado que os olha feio por estar empobrecendo suas lindas cidades. Um daqueles homens que são retratos de uma realidade que grita, mas em silêncio - ninguém a escuta.

Um destes homens que têm como parte inamputável de si a saudade, a nostalgia, de um lugar que é a graça e o desespero de suas vidas. Que dariam tudo pra voltar, mas que sabem que não podem. Estes homens da cidade mal sabem a dor que é ver tua terra secar, secarem teus filhos, teus amores, teus riachos, tuas esperanças. Ah, não sabem! Não sabem o que é rezar por uma só nuvem no céu demasiado azul, que de tão azul dá náuseas em seu espectador. Era essa a rotina de Juvenal desde que ele se entendia por gente. Assistir o céu, em busca de mudança.

____

O encontro entre os dois foi de forma inusitada. No momento em que os pés de Juvenal tocaram a cidade de Salvador, teus olhos, que não conheciam lágrimas há anos, tornaram a inundar-se. Com a chuva. E com as lágrimas. A chuva abundante, chuva de litoral, já não havia azul no céu, já não havia azul no coração de Talita, nem no de Juvenal.

Talita hoje angustiava-se, enquanto Juvenal, ao olhar o céu, aliviava-se. Sentia que um tempo melhor viria - enganado estava. Entrou no primeiro ônibus. E de tão feliz, quase sem sentir, tocou sua sanfona e cantarolou, para que todos naquele ônibus pudessem sentir o mesmo sorriso que despontava involuntariamente de seus lábios e de sua alma.

Talita logo enfastiou-se das músicas do novo companheiro de lotação. Queria escutar a música eletrônica do seriado, música alternativa, djs da cena urbana! Quem esse homem pensa que é? Irritou-se. Queria acender um cigarro. Não podia! Ora, que regras mais estúpidas. O céu a cuspir todas as suas injúrias em cima dela. Havia dias que chovia sem parar em Salvador. Ela já não aguentava, já não suportava! Teve uma idéia genial: Se eu pagar, ele pára.


Foi na direção do homem, que cantarolava com seu sotaque irritante uma música regional e estúpida, da qual ela queria distância. Pôs uma moeda de míseros 10 centavos na mão do homem. Foram vindo várias pessoas depositar dinheiro na mão do homem. Juvenal ficou assustado, não entendia o que estava acontecendo, ele não estava fazendo isso com qualquer interesse! Queria devolver todo o dinheiro, mas as moedas tilintavam e misturavam-se, e o causavam náuseas, mais náuseas que o céu anilado que costumava lhe fazer tonto.


Foi quando olharam-se nos olhos. E neste olhar transferiu-se tudo. Toda angústia dela, todo medo. Toda raiva que o homem tinha daquele ser da cidade, e toda a dor que sentia por estar ali. A felicidade esvaneceu-se com a mesma velocidade com que a chuva se foi. As chuvas em salvador vêm e vão antes que se possa dar-se conta delas. Juvenal transmitiu sua história com aquele olhar. Sua dor, suas perdas. Ela contou-lhe que queria ver o sol novamente. Ele disse-lhe que o sol não é bom, que ele come as esperanças, o amor, a vida em família, o horizonte. O olhar foi o reflexo do paradoxo daquelas vidas ali, se encontrando. Em pleno caos de ambas as almas, aquele olhar tão intenso. Talita baixou os olhos. Pensava nos problemas sociais, pensava em quem votar no ano que vem. O homem era só melancolia. Das mais intensas. Deixou cair o instrumento, deixou cair lágrimas quentes e incontroláveis, que afogavam teus olhos. Sentiu o nó na garganta. Jogou para cima as moedas. Todos o observavam, assustados.

O céu, cinza. Nublado. Sem azul. O ar quente, quente, que abafava os medos e as angústias para que ninguém visse - e ouvisse. Sons, barulhos, buzinas e gente a falar o que não se quer ouvir.

_____

Chegou a rodoviária. Talita soltou do ônibus, sentindo-se enfim, aliviada. Respirou fundo e sentiu que as coisas iam mudar. Juvenal soltou também do ônibus. Comprou uma passagem de volta. Não suportaria - precisava do azul. Percebeu que por pior que estivessem as coisas, ficando no mesmo lugar há chance de melhora. Mexer onde está quieto pode fazer piorar. E foram ambos em caminhos opostos, buscando a mesma coisa - sorrir. de novo. Entre a mudança e o hábito, oscilavam ambos. Ao sentarem-se, cada um em um ônibus diferente, pensaram a mesma coisa:

Descansa, coração. E bate em paz.

25.1.08

se


Quem?
"Ignorância é força"

24.1.08

Dilema.

Renunciar ao prazer imediato de uma xícara de café?
Ou deliciar-me agora, para depois sofrer com os desprazeres da insônia?

Agora e sempre...
Agora. Ou sempre?
E que sempre?

23.1.08

dupla face

Enquanto a madrugada rasga o tempo, eu percebo que sem dúvidas até os erros mais cruéis podem ser justificados. Há sentimentos involuntários, há momentos em que fazer o certo é por demais doloroso pra se aguentar. Enquanto tudo ao meu redor parece estar prestes a explodir, eu, ainda, graças à sorte, intacta, posso perceber que cada situação, cada uma delas, tem mesmo dois lados, como me diziam. E apontar culpados agora de nada adiantará.

Eu daria tudo para poder dormir agora. Noctivagar já não me satisfaz como antes.

22.1.08

Reticências

Eu escrevo demais não é? muito. mais do que é possível ler.
Escrevo o que não vivo/vivo o que não escrevo
e escrevo pra ninguém ler, esperando no íntimo que alguém venha aqui ler minhas entrelinhas como já li a de tantos outros.

adicionei um contador. pra ver se alguém me lê. bobagem minha!
que diferença fará?

- Mas a curiosidade é a única coisa que tem me inspirado fidelidade ultimamente. (Não me ligue de manhã. Estarei dormindo)

21.1.08

involuir

estou assustada, não consigo aceitar tanto preconceito.
Por quê?
Não é amor, de qualquer jeito? Não cantavam todos, na adolescência,
"consideramos justa toda forma de amor"? E "somos todos iguais, braços dados ou não"?
Acho que as pessoas, ao crescer, ao "amadurecer", tendem a perder a noção de tudo! A esquecer de suas próprias experiências, em prol de uma moral que ninguém sabe quem ditou.
Amor não é doença. Não é pústula qualquer que sai com o tempo.
Não há remédio pro amor, e se alguém reprimir, ele só faz aumentar.
Não te lembras daquelas mulheres de antes, as de família rica, e seus amores proibidos, não te lembras de Romeu e Julieta? Não ouvistes historinhas o suficiente?! Já conheces o final desta história!

Eu sempre duvidei do amor, mas hoje enxergo claramente que ele existe, mesmo que efêmero, é um sentimento, e sentimentos não são perenes ou estáveis, não há nada mais incostante do que o plano das emoções, e pra um sentimento durar ele precisa ser alimentado. Ou por pensamentos próprios, por atitudes alheias, ou por, quem diria, repressão. Reprimir o amor só o faz aumentar e aumentar.

Eu sei que hoje observo de longe, mas sempre tive opinião formada e continuarei tendo, amor, amor, sexo à parte, o amor é livre, sentimento não se escolhe, esqueçam todos este preconceito arcaico e sem embasamento, ninguém, eu repito, ninguém vai chegar a lugar algum com isso.

Qualquer pessoa, lei ou sentimento que reprima o mais sincero desejo de alguém, desde que esse desejo não prejudique ninguém, é no mínimo um símbolo da mais pura crueldade. E deve ser extinto.

E eu, enquanto puder, vou ser contra estes atos cruéis, vou ajudar qualquer um que reprimido esteja e defenderei pra sempre o direito das pessoas sentirem ou expressarem o que sentem se esta for sua vontade. E não há moral mal-regida nenhuma que vá me parar.

Posso soar idealista demais, ou clichê, mas é que essas palavras transbordam sentimento, elas são reais demais em mim, não estou olhando estética alguma, isto é o mais puro desabafo.

E se por acaso, com os anos, eu me torne assim desse jeito, sem amor, seca, sem cor, sem sonhos, repressora de desejos alheios, cruel em meu íntimo, e tudo isso que eu enxerguei hoje à noite, eu, novamente, daria infimamente tudo para parar aqui.

como disse em um outro texto outra vez, "se com o tempo involuímos, daria infimamente tudo para parar aqui". Ou voltar...

Apatia

Ela deixa as coisas passarem sem se abalar.
Isso me irrita, sabe-se lá deus porquê.
Não consigo admitir tal apatia, tal distanciamento de tudo e de todos. Ela despreza tudo, duvida de tudo, não sente nada, porque sentir é sinal de fraqueza.
É um paradoxo, saber sem experimentar, é envelhecer sem ter sentido os anos passarem, amadurecer sem aprender.
Tão nova, e já sabe tanto que julga não precisar experimentar, se julga forte por demais para os prazeres mundanos. Olha pra tudo com um olhar de indiferença que reflete o que está escrito bem fundo em sua alma de pequena menina - e muito pequena!

Tão pequena, mas está sempre cansada. É frágil e se diz autêntica, não perde a pose. Sua falsa experiência não diz nunca a ela que o maior fraco é aquele que não admite a dor, o que a esconde até de si mesmo. As dores emocionais que ela ignora voltam, sempre, como dores físicas. Dor aqui e ali, e isto ela não tem vergonha de assumir. Não sei qual é a diferença. Se a origem é a mesma. Tão tola.

Antes achava bonito. Passava horas a conversar, me deleitava com suas idéias de mundo e sociedade. Hoje ela largou até as idéias de mão. Idéias, pra quê? Sonhar pra quê? Ah, ora, tá, não me faça perder a paciência!

Reencontrá-la me fez perceber que seu destino é se tornar mais imatura a cada dia que passa, é se distanciar da vida a cada dia que passa. Se pôr num pedestal de madura e indiferente e observar a vida de cima. Como se não pertencesse ao mesmo mundo que nós. E creio que realmente não pertence.

Eu? Prefiro toda a imaturidade do mundo à essa frieza e indiferença, tudo que é morno e sem sal merece extinção. Quero ir lá e provar, ir lá e sentir, não vou me prostrar na janela e esperar o tempo passar, no alto do saber. Quero mergulhar fundo, ir às profundezas de tudo o que eu faço, sejam elas claras ou escuras.

Quero um cigarro inteiro em um só trago, quero todo sonho do mundo em apenas um suspiro. Quero expressar-me inteira em uma só palavra, quero tudo em um segundo. E é essa paixão, esse imediatismo, essa fixação pela vida é que me mantém, é que me faz sobreviver, acima de todas as coisas. Quero viver orgasmos múltiplos em todos os poros do meu corpo. E da minha mente.

E você, pequena menina, (não citarei nomes)
Faça-me um favor! leve toda o seu tédio e seu estado inabalável pra lá. Não quero nada estável num raio de 1km. Ou fugirei.

16.1.08

one last dance

The dance was just a part of me I shouldn't show anybody, you know, all my moviments seems to belong only to me and I would never be able to show you my own soul. All this years I danced like another person, with the habits and the moviments of another person, I wasn't me, I wasn't free to move my body like I wanted to. I grew up with this beautiful songs and kind of my childhood and something inside of who I am now are all about dance.

But the dance I have inside me, all these moviments I hide you all, that's the most beautiful dance I could ever show, that's the truth about me. All these people just can't find out what's dance, you can't dance just learning the coreography, you have to put yourself into the moviment, I think there are things more important than ego or money or just being at a stage without dance what you want, without putting every single part of you in your moviments, only because you're there, waiting for the people to approve your dance, to approve you. Because you don't really know you are the only person who can approve your dance.

That's why I gave up dancing. I gave up dancing because I was weak and fragile and I couldn't hold this thing about approve myself and dance without fear of rejection. Because, yes, I know a lot the taste of rejection. And that's not good, I swear you I would prefer never knew it in my hole life. I would prefer never know the feeling when you think people are just better than you and nothing you could do would change this. People dance better, look better, have the public approvation and people are strong. People don't give up dancing, people hold on while the world is falling into pieces, people don't cry, people are not ashamed, people don't have any fear!

But I am not these people. And my worst mistake was trying to be these people. That's how I killed my dance skill. That's how I killed my dance dream. That's the real motivation for me to give up dancing. I cannot be like these people. I am just like me, and I was trying to put myself into these musics, these coreographys, these moviments, and I couldn't. I couldn't because people didn't let me. This cannot ever be called art. Because art is kind of creation, and love, and expression, and if I cannot express my feelings dancing, if I cannot express anything, if the only thing I can do is watching the right people and copy them, then I give up dancing for the rest of my life. I simply don't want to learn how to copy.

Dancing should be just like a challenge to me, if I was strong enough to keep dreaming, but I'm not. I'm still walking side by side with the reason, without emotion, I gave up expressing myself, I gave up this hole thing about feelings, becase I'm weak. Fragile. And I need these people help. I need them to be away from me. And I need them to stop me everytime I try to dance like them, or every time I look in a mirror while dancing, or everytime I get up on a stage.

I can only dance to myself, I can only dance to express, locked in a room without any public, or coreographer, I don't need rules for expression, please, understand. But my kind of dance is not what you see outside.
My dance isn't about have the perfect body. My dance is about have the perfect equilibrium between mind and body, between feelings and reason and all this thing. Or not. My dance could be only the expression, the time would never walk my dance away, I'll be able to dance when I'm 60, I'll never stop. Not because I don't want. But because I can't. My feet had danced for a too long time, they simply don't know how to stop now.

12.1.08

Olhar não paga

Maria Ana andava rebolando.
Atraía todos os olhares. Amava atrair. Queria todos - todos!
Fingia se preciso. Mudava. Pintava cabelos, cortava, engordava, emagrecia.
Para atrair os olhares certos.
Ela não era bonita. Não. Tirava boas fotos. Fotos nada mais são que olhares eternizados. O que a embelezava eram os olhares. Os olhares cheios de ego do princípio ao fim, que ela mesmo cuidava de encher. Ela desconhecia o desprezo. Se alguém a desprezava, desacreditava. Ria, fazia de piada. Considerava o sujeito indigno de nota. Gargalhava. Às vezes os levava pra cama pra os fazer apaixonar-se. Ah! Não havia nada mais prazeroso do que fazer um homem se apaixonar.
Não que ela quisesse mesmo se relacionar. Ela nasceu pro seu próprio ego, e este é o seu único amor. Já jurou fidelidade quinhentas e tantas vezes. Para sorrir sozinha depois, lembrando dos olhares e de quantos mais conquistaria.

Maria Ana ria de quem desacredita de si. Tinha pena.
Suas lágrimas só tinham um objetivo: atrair olhares de ternura, de consolo.
Era esta, Maria Ana, a menina viciada em olhares, que gosta de cores e fotografia, e de homens também. Se julga linda e inteligente. E acredita que se mentir, não fará mal. A mentira dela é perdoável. Por ser ela. Ela, a dama dos olhares, a que jamais passa despercebida.
Ela coleciona olhares. Os de inveja, os de desejo. Os de curiosidade. Era ela, Maria Ana, o centro das atenções. Ela corta as unhas bem rentes e não pinta os cabelos. Não usa roupas caras, não lê, nem bons livros nem revistas de moda. Ela julga não precisar. Ela não pára jamais, em sua ascenção na busca pelos melhores olhares, os mais instigantes, sinceros, penetrantes, na busca incessante pelo maior ego já visto. Mas quanto mais sobe, maior a queda, eu mesmo daqui já consigo ver a data certa em que ela se perde em si. Poderei assistir a sua queda. Olhar não paga.

exaurir-me só, sem sons.

Hoje acordei com o silêncio.
Absorvi o silêncio. E compreendi.
Fechar-me em mim, em meus próprios silêncios, é esta a solução.
permitir-me não contar. permitir-me não confiar, não expressar.

Sei que contrario meus princípios com isso.
Mas não há nada de tão mal em me exilar em mim.
Preciso mesmo de um tempo longe, vou cortar a minha vida social pela metade.
Tudo perfeitamente regrado, ninguém faz nada fora do clichê. Cansa.

Não espere de ninguém sinceridade, não pode haver nada de tão mal na insinceridade, aliás há uma beleza sutil na imperceptibilidade da linha que separa verdade e mentira, amor e tédio. contrastes me entorpecem.

agora é aceitar o mal como parte inamputável de mim, é compreender a imperfeição e amá-la, é me apaixonar pelos meus atos mais detestáveis. e sorrir.

Não há nada lá fora que não possa haver aqui dentro. De novo e sempre.
Mas para voltar-me ao centro, eu preciso me calar. não há outro jeito.
não me peça pra lhe contar como foi bom naquela vez.
absorva meu silêncio. interprete-o. sem mais perguntas.

11.1.08

Não pode ser mero acaso,

E se por ventura for, creio que devo agradecer ao acaso por cada segundo da minha última semana.
E, por acaso ou não, mesmo com tantas luzes na cidade, hoje consegui ver estrelas.

"O que antes eu não entendia, agora é ouro pra mim"

5.1.08

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Eu sei que as coisas na minha mão tem tendência a quebrar mas antes que elas quebrem, caiam ou se percam é preciso que você saiba que você faz parte de mim.

4.1.08

Daniel,

Hoje lhe escrevo pra dizer tudo o que não agüento suprimir. Vai desculpando o mal jeito. Não medi palavras.

sinto vontade de rir deste povo que idolatra! que não questiona!
questione, meu bem! tudo! esgote todas as possibilidades antes de formar uma opinião, não se dê à um fato tão fácil assim, não se doe às influências facilmente!

é estranho pra mim que eu precise dizer isso a alguém. tô com a mão no telefone, quase ligando pra te dizer, pra lhe gritar e jogar tudo na sua cara, mas é que eu tenho medo de ouvir sua voz e acabar não falando nada disso. Incrível como sua voz pode mudar meu humor tão facilmente.

podia perder o ar ao lhe ouvir reclamar, eu adorava quando você reclamava, pelo menos protestava, questionava! Ora, detesto tua inércia. E tinha vontade de ir pra cama com você toda vez que você me manda largar o cigarro. Com aquela cara de aborrecido, e me beija, depois, contrariado. Isso é uma confissão, mon'amour, das mais íntimas. Já pensei em largar o cigarro várias vezes, mas desisti, pensando que se largasse, você jamais me pediria pra largar outra vez, temia que isso abalasse meu tesão.
Sinto arrepios que não gosto de admitir quando me chama de 'meu bem' e dá aquela risadinha irônica de merda que me seduziu naquela vez.

Ah, mas naquela vez eu estava bêbada. Aliás, ou foi você que mudou do vinho pra água, lindinho, ou fui eu que só recuperei minha sobriedade agora. Não me toca mais do mesmo jeito, acho que se preocupa tanto com explicações que não deixa o corpo fluir, deixa de tentar racionalizar tudo! você não era assim. Sexo é uma experiência que se narrada perde o encanto, pra que você quer falar tanto?

Pode falar, mas fala as palavras sem controle, fala sem pensar, sabe, fala ofegando o que o êxtase não lhe deixa calar, não fica tentando racionalizar o sexo, não lê livrinhos de como enlouquecer uma mulher. Isso é repugnante.

E fica cheio do ciuminho! Porra, Daniel, você sabe muito bem que eu sou livre demais pra você, não é, sabe que não sirvo pra me prender, que não pertenço nem a mim. lhe avisei isso desde a primeira vez. Agora você vem com essa? fui fiel a você esses três anos, pra você desconfiar?


Eu não sou uma mulher comum. Não te atrairia se fosse. Lembro dagente sentado na calçada de um país qualquer, sem um tostão, tomando uma cerveja cujo idioma no rótulo nem sabíamos qual era, rindo horrores e discutindo todas as suas teorias da vida. Lembro da gente em casa, sem querer sair da cama por 3 dias seguidos.

Você não é mais esse homem. Não é. Naquele dia fui embora quando você entrou no banho porque tinha nojo de você. Não suportava o fato de que você ia sair do banheiro e vir me beijar, ora, o beijo que eu tanto banalizei, teria um significado ali. Não suportaria olhar na sua cara e ver no que você se transformou. Num velho, Daniel. O corpo continua intacto, você agora inventou de correr 10km todo dia. Mas é um velho sim, em todos os outros sentidos, na cama, na mente, no coração! Morre todos os dias um pedaço do pouco que ainda há de bom em você, mas você deixa. deixa, nessa inércia.


Diz que o idealismo é coisa pra jovens, que paixão é coisa pra jovem, que queria mesmo era ficar aqui nesse apartamento sujo, pequeno e bagunçado saindo pra trabalhar atrasado todo dia. Chegando à noite e me encontrando lá, com hora marcada pro sexo, pra sentarmos e vermos tv a vida inteira. Eu tenho mais o que fazer, Daniel, francamente. Me dá nojo.

Você acha que sou sua mãe. Que vou cuidar de você pra sempre, não importa o quão grosso você seja. Devia ter-lhe cuspido a cara naquele dia. Nunca mais você ia erguer as mãos pra mim.Não que eu achasse que você ia mesmo me bater, você precisa demais de mim pra isso. Você no auge dos seus 35 anos esperando colo, Daniel.

Me livro de você como me livraria de um encosto, de um vício! O problema com tua voz é que ela me lembra um daniel que eu ainda amo, mas que não existe mais. Le temps détruit tout. Levou de mim o meu ar, você era o meu ar, me fazia querer mais e mais e mais de mim, de nós, da vida!

Agora, espera a morte com esta cara inexpressiva defronte à tevê.
Não vou dizer que não chorei. Chorei de raiva. De você e do tempo.
Le temps détruit tout. você que me disse, na calçada, em Paris. É. era em Paris. Agora me lembrei.


Adeus, Daniel. Se recomponha, se puder fazer isso sozinho, se não continue aí no chão, me olhando com esta cara de súplica. Não vou te ajudar. Não de novo. Me esqueça. A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar.

Ah, e eu larguei o cigarro. Adeus.
Rita.

2.1.08

sem aplausos

hoje aqui sentada em sorrisos bobos, relembro sem pesar o vislumbre de um rosto desconhecido através dos primeiros raios de sol da manhã.
confesso que meus textos estão péssimos, mas é que eu vivo o que eu não escrevo, ponho demais de mim a cada letra.

ainda cheiro a àlcool.
me pergunto como encobrir algo tão bom. Pra quê me calar?
eu gosto mesmo é de gritar, de cuspir as palavras em tua cara, de ver os meus reflexos em você. Dá vontade de rir ao lembrar.

Me censuro toda vez que conheço o gosto da culpa. e da vergonha. Meu rosto queima. Sorrio e esqueço. Mas uma história pra se contar - ou não.

As memórias dançam em mim. lembro-me do descontrole e só. o resto é consequência. Êxtase. Com platéia. Sem aplausos.