31.10.07

Keep Looking Up

Regra que não sei seguir
Ou se canta no teu tom, ou tu vens a me calar
Na rua os gritos do vento não abafam minha voz
As vezes o vento grita para que ninguém se cale,
para que nenhum protesto deixe-se reprimir,
Para que a voz que me fazes calar ecoe noite afora.
A noite é amiga.
Com lua ou sem lua, com álcool ou sem.
Da noite escorre um raro mel do qual hoje aprendo a usufruir.

Lento e melancólico, meu grito se perfaz.

Sobre os lápis e as borrachas.

COMETI UM CRIME
omissão de socorro.

vi o mundo sangrar e fechei os olhos - quero a cura para o ceticismo.

Matei meu amor antes dele sonhar em nascer - é questão de escrever de lápis para apagar depois, ou nem escrever.

Fui contraditória, talvez, autêntica. Quis não seguir regras, desaprendi a perder.

Mas ainda sei chorar, meu bem. Não espremeram minhas emoções até o fim.

Auto-exílio.

Amar a quem?
Lanço um apelo a essa brisa que hoje sopra, pra que meus medos não se escondam atrás da porta
e venham cá, te olhar nos olhos, te encarar

Pra que essa cortina de fitas de cores e samba se mantenha dentro de mim a cada sorriso, ainda que raro.
Peço ao céu que seja do mesmo azul pra sempre, pra que o que eu lembro jamais se apague e para que um filho meu possa olhar na mesma direção.
E que as palavras se desenhem em si mesmas e corram atrás dos vazios que os jovens deixam.
Para que eu possa dançar de mãos dadas com o tempo, na praça em Barcelona, com lágrimas nos olhos e com a pele intacta.
Devaneios que corto pela raiz para evitar a tão temida ilusão, os quero de volta, com a capacidade de crê-los.
Quero poder acreditar, reacreditar.
Quero o mundo menos clichê,
um pouco mais de amor. um pouco mais de brilho nas manhãs.
Para todos, seja em que fuso estejam.

O tempo não deixou voltar. Quero de volta as lágrimas que sequei, os risos que abafei.

Farta estou de medir-me, conter-me diante de ti - Quem é você?
Não sei a quem escrevo, não sei quem escrevo, sei quem me escreve.
A mulher que me escreve costumava sorrir ao se olhar no espelho.
Agora o espelho quebrou e ela casou-se com o vento. Percorre o mundo em novos ares,
se alimenta de luz. Dorme sem sonhar, e sonha sem dormir.

Passa madrugadas fazendo planos prum futuro que pode não vir. Dê-me a ingenuidade da mulher que me escreve de volta, é preciso reaprender a cumprir promessas.

23.10.07

Indolor

eu tô vazia, parece que não tem nada dentro.
me afoguei no cais. Porra. No cais. Quando já tinha chegado, e me amarrado, me afoguei. Pensando bem posso ter me afogado porque me amarrei. Depois que eu comprei a porra do espelho virei atriz. Fico treinando formas de me agradar. Já joguei o espelho no chão, mas ele não quebrou, dizem que se quebrar dá 7 anos de azar. Azar, porra nenhuma. Cruel isso de ter que me impressionar, né.

Reclamar, falar mal, chutar e maldizer, sem pensar. Pensar, pra quê? Eu quero me reformular, o sol não deixa. Bate na minha cara e me dá lágrimas nos olhos, mas sabe lá deus porque eu não baixo os olhos. Não é coragem, não. Nem persistência, nem nada de que eu possa me orgulhar. Tá na hora de comprar novos perfumes.

O que eu sinto não é desespero não. Se eu tirar minha máscara, não há nada. Estou invisível até para mim mesmo. Até pra dançar eu meço os movimentos. E repito o mesmo discurso que já tá desbotado de tanto eu usar.

Você que me lê, peça pra seu deus para que ele não te leve a cor. Eu, hoje, sou incolor. Indolor.
In-dolor.

20.10.07

uma noite não é nada, meu bem.


Vem
Se tiver acompanhado esquece,vem
Se tiver hora marcada esquece, vem
Vem
Venha ver a madrugada e o sol que vem
Que uma noite não é nada, meu bem





samba me faz sorrir, traz uma alegria que eu não sei dizer de onde vem.
não aquele samba exposto, das mulheres sem roupa no rio de janeiro e só, o samba como samba, que de forma simples traduz o brasil em umas notas por aí.

e o restinho de tristeza que sobrava aqui hoje se esvaiu, fingiu não existir, disse que vai embora e volta outro dia. tive um dia com gosto de sábado, de um sábado como eu não via há muito.


Estou tão, tão feliz, dessa vez dispenso o 'apesar de'
ouvir música boa, gastar horas rindo com quem eu amo, um pouquinho da adrenalina do proibido, e sambar sozinha no meu quarto.

E enfim:
Declaro-me renovada.


mesmo que amanhã tudo volte a sua (a)normalidade.

que uma noite não é nada, meu bem.

15.10.07

a ilusionista.

quase perdi a cabeça, mas continuo aqui
minha presença é sutil, quase nem eu percebo.
mudanças quase violentas. de quem quero me esconder?
sou uma ilusionista. o que vês pode ser a verdade,
tanto como pode não ser. be careful - eu sei mentir.
dizem que o mistério atrai, mas todo esse drama a respeito do futuro hoje me dá náuseas.
matar ou morrer, ficar ou correr,
estou aqui parada, esperando ordens que não sei se vou obedecer.
cansada. fisicamente cansada. o emocional mantém-se intacto, mesmo sendo ele o repetidamente abalado.
não abaixo a cabeça. quer bata-me na cara ou puxe-me os cabelos, não abaixo a cabeça.


espero todo dia algo que não vem.
o mundo gira e eu fico aqui, entre ouros e sedas, num falso palco,
com luzes de mentira. esperando. e não vem.

5.10.07

Moral?

há um código de comportamento pairando sobre nós.
fazer o que não se quer virou moda, agora.
sorria, você está sendo observado.
chego a sentir o gosto do clichê.
e a solução?
finge que tá tudo bem.

Que moral é essa? Por que fechar os olhos pra uns e abrir para os outros? Mais uma vez, prefiro fechar os dois e me prender em mim. não há nada lá fora que não possa haver aqui dentro.

Nós só vamos embora quando tudo terminar.

2.10.07

teatro

o teatro me renova, é minha terapia.
encontrar personagens dentro de mim,
me ver de mil jeitos diferentes num mesmo espelho.
não sei o que estava em minha cabeça quando larguei o curso, mas voltei e parece que nunca saí.
Acho que todo mundo devia fazer teatro. Esse é o texto menos lírico do meu blog, mais parecido com um relato da minha vida. Mas eu gosto do lirismo. E o teatro é o meu lirismo. O teatro é meu lirismo exagerado transformado em real. O teatro é minha válvula de escape.

Escrever também me renova, mas o teatro é o teatro.
me perder de olhos fechados nas músicas maravilhosas e assumir uma personalidade escondida dentro de mim! não sei como consegui ficar um ano sem isso.

sentir, esta é a palavra de ordem. "Não atue, por favor". Sinta.
me sinto, literalmente, sentindo.
Mal posso esperar até a próxima terça.

1.10.07

um sorriso pintado a noite inteira

estou podre, vou me decompor em segundos.
é preciso tomar cuidado pra não sucumbir.
talvez essa história de renascer das cinzas não funcione mais.
eu escondo a dor num sorriso que pinto no meu rosto,
com cerdas de velho um pincel formados por fios de boas lembranças
sinto-me falsa, sinto-me usando máscaras
antes eu queria ir embora, agora eu preciso.
ir pra algum lugar onde eu não precise fazer planos.
onde eu esqueça pra sempre o gosto da frustração.