17.3.09

sobre os desejos inadiáveis

quero abraço bom, apertado. quero encostar a cabeça num ombro e fingir que esqueci de todas as pequenas coisas chatas que têm inundado meu novo dia-a-dia.
quero encontrar espaço dentro de um abraço qualquer, quero encaixar-me no corpo alheio como antes costumávamos ser (um só, sem saber). quero um elogio bem sincero, daqueles que me faça ganhar o dia. quero guardar o gosto da saudade pro tempo não desbotar. quero alternar entre carinho e desejo até que o sol venha e vá de novo, até que ambos se confundam e virem um só (sem saber). quero não olhar relógio. quero e quero agora, se for amanhã não dá.

é verdade que vontade dá e passa - o que me faz querer satisfazê-las todas antes que dê tempo de passar.

3.3.09

das relações humanas


um espera daqui, outro de lá:
nenhum dos dois se alcança.
não encontram linguagem em comum
e perdem-se no abismo da incoerência.
não adianta que dêem-se as mãos, que orem,
que amem. perdem-se. desenlaçam-se.
porque são fadados a ser sós. e de sós, livres.
[o tempo come toda e qualquer lembrança que possa existir.]  


e o esperar, a esperança, não tem nenhum propósito além de libertar aquelas almas que, indo contra o fluxo inevitável das coisas, ainda teimam em se unir.

Egocentro


preciso falar de mim
preciso falar que não sei e que não quero mais atingir expectativas
preciso subir num palanque e gritar pro mundo que eu quero ser eu e fim. 
que eu quero ter prazer em exercer o simples ofício de viver do meu jeito, de agir do meu modo, de pensar assim agora e assado depois, da forma que me apetecer.  
quero a minha individualidade a gritar, não sou padrão! não sou padrão! não sou padrão! 
Ainda que seja. Ainda que lute pra ser. Quero, por meus próprios méritos, declarar-me minha. Minha, só minha, e não de quem quiser. 

esperar pelo agora



se fosse do nosso feitio esperar apenas pelo agora,
tavez fôssemos eternos.
a finalidade do fim é apenas causar em nós essa tal dúvida do que fazer agora, se abraçar o presente, se esquecer o passado, se lutar pelo futuro. estes tais conceitos, que só confundem, como se não fosse tudo uma só coisa, coisa que a gente também conceitua, que é a vida. 

se esperássemos somente pelo agora, quantos agoras haveriam? 
e se não houvesse pressa? e se não houvessem dias todos os dias? 

tears dry on their own


quando o mundo cai, o chão em baixo dos pés some
quando tudo que a gente acredita desmorona
a gente chora chora chora
desidrata de chorar. desacredita.

mas, invariavelmente, passa.
toda e qualquer tristeza tem remédio, o tempo. 
e se todos tem repetido isso exaustivamente, é porque é verdade. verdade demasiadamente verdade. daquelas que de tão verdade, de tão óbvia, a gente desconsidera. dizer que vai passar não é consolo pra ninguém. mas sempre, sempre, sempre passa.