23.10.07

Indolor

eu tô vazia, parece que não tem nada dentro.
me afoguei no cais. Porra. No cais. Quando já tinha chegado, e me amarrado, me afoguei. Pensando bem posso ter me afogado porque me amarrei. Depois que eu comprei a porra do espelho virei atriz. Fico treinando formas de me agradar. Já joguei o espelho no chão, mas ele não quebrou, dizem que se quebrar dá 7 anos de azar. Azar, porra nenhuma. Cruel isso de ter que me impressionar, né.

Reclamar, falar mal, chutar e maldizer, sem pensar. Pensar, pra quê? Eu quero me reformular, o sol não deixa. Bate na minha cara e me dá lágrimas nos olhos, mas sabe lá deus porque eu não baixo os olhos. Não é coragem, não. Nem persistência, nem nada de que eu possa me orgulhar. Tá na hora de comprar novos perfumes.

O que eu sinto não é desespero não. Se eu tirar minha máscara, não há nada. Estou invisível até para mim mesmo. Até pra dançar eu meço os movimentos. E repito o mesmo discurso que já tá desbotado de tanto eu usar.

Você que me lê, peça pra seu deus para que ele não te leve a cor. Eu, hoje, sou incolor. Indolor.
In-dolor.