9.7.08

velório

[ontem ia ser meu último dia de teatro do semestre, então tinha que apresentar um monólogo a minha escolha. eu não gosto de monólogos e acho eles sem sentimento algum, acho que o teatro perde o sentido de ser em monólogos. enfim, mas era o que eu tinha que fazer. vesti-me de longo preto, pus umas luvas pretas, prendi o cabelo em coque e pus um batom vermelho. me veio a idéia de fazer um velório. um velório de uma parte de mim. ficou meio bizarrinho e muito metafórico o texto que eu criei, mas como não pude apresentar nem esse nem nenhum, para que ele não se perca, publicarei aqui]

hoje morre esta menina que sorri, que fala, que canta, que não tem vergonha, que samba, que faz o que lhe apetece.
Olha, lembrar é bom.
Lembrar da velha libido, das velhas gargalhadas, dos velhos desejos.
Sim. Comemorar a vida! Dançar 8 horas seguidas sem parar, beber vinho barato até vomitar, gritar até perder a voz, rir até doer muito.
Um deleite! Me tocar, assim, me permitir.
Deixar que alguém me toque, necessitar do toque, arder, arder, arder.
Um sorriso pintado a noite inteira. E essa tragédia que é viver, essa tragédia.
Tanto amor, que fere e cansa.

We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
(repetir infindavelmente)

me levantar.
Eu hoje aqui, apática. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim.
Eu hoje, aqui, só. Eu, em uma ilha. Eu, sem emoção. Eu, sem cor. Eu, e meu fim.
soy yo, mi amigo, soy yo. por favor, me reconheça. ou não, ou passe direto num encontro desses casuais, passe sem falar de propósito, passe pensando "coitada", passe rindo do destino que você acha que eu tive. passe, passarão, passarinho, todos vocês! não aceito mais frases do quintana, já não me apetecem mais. e o que me apetece? a agonia de toda essa paz - o silêncio me dói e alimenta meus dias.