31.12.07

Sobre os fins.

Malfadados fins, sempre sós.
Ainda que reze para que o fim chegue,
O que se espera é o início. Novos e novos inícios.
Ninguém compreende a sutil beleza de um fim,
aprender a interpretar olhares de despedida
comover-se com a melancolia de tentativas de novos inícios afogadas de álcool em noites sem cor.
Ninguém enxerga o valor da desilusão.
Os fins levam tudo embora, até dores mal-cuidadas,
até amores mal-curados.
Findam o silêncio e a música, findam a paixão e o desespero.
Quando agoniar-se, inquietar-se, quando tentares dormir em vão, quando sentir as lágrimas brotando por vontade própria dos teus olhos, quase afogados de tantas lágrimas, quando sentir o gosto amargo do desespero,

Absorva o fim, toque-o, aproveite-o, sinta-o com as mãos, trate-o bem como merece!

Amanhã, jogarei as mãos aos céus e agradecerei ao fim por levar tudo embora num átimo de segundo - sem nem tempo pra lembrar. Sorrir, rir, gargalhar. Anestesiada pelo fim.