28.7.08

Fato:

não adianta só querer sem tocar, ou só tocar sem querer.
some mistakes are made over and over again. we don't learn.

16.7.08

esses meus dias sem a escrita

eu não vou escrever nada bonito nem lírico porque eu não tô inspirada.
vou só me descrever, me denotar, me anedotar, contar um pouquinho do que tem sido esses meus dias sem a escrita (há muito tempo eu não escrevo, enquanto antes escrevia todos os dias)

eu tava tão certa do que eu queria, tava tão certa dessa minha parcial ou quase total antisocialidade, o tal auto-exílio tão presente em tudo o que eu escrevi até agora, e enfim, acordei.
Eu ainda valorizo e valorizo tanto os meus momentos, eu ainda estou só boa parte do tempo, e aproveito o máximo desses momentos. Qual é a lógica da dependência entre as pessoas? Por que as pessoas se sentem mal estando consigo mesmo? Eu sou pra sempre a minha melhor companhia.

Mas eu senti de novo o gosto de socializar, de rir com gente que eu não conheço, de falar das mais diversas besteiras. Não só com as pessoas de sempre, que eu via sempre, que eram um refúgio quando estar só era tão frequente que transformava o deleite em tédio. Estou lentamente me reincluindo - NÃO, eu não vou rir do que me apetece, não vou ouvir músicas desconexas ou falar com quem me dá nojo. Mas dar uma oportunidade às pessoas para me mostrar o que elas podem ser afora a imagem. Saber dividir meu tempo entre a diversão com eles e a diversão comigo. É bom ter com quem rir. Quem mais me corresponde, infelizmente, eu não posso ver todos os dias. Mas talvez se eu visse todos os dias não me correspondesse tanto assim. Tudo, um pouco de longe, tem mais beleza. É necessário um amor um pouco míope para se tolerar a convivência.

Eu comecei a ver as coisas de outra maneira. Fui, com um grande sorriso, a um show de Teatro Mágico, para o qual eu não queria ir por INÚMEROS motivos que não vou perder tempo citando. Porém a ventura me trouxe um ingresso de graça, e aí? Fui. Fui e me reformulei. Prestei atenção em cada detalhe das letras que de tão repetidas pra mim já tinham perdido o sentido, e entendi o lirismo, o sentimento que é posto ali. Achei lindo quem quer que seja que vive de arte. Gostaria de ter coragem - não tenho. A arte é o que me alimenta, quem seria eu sem música? Me embebedo de música, a música é a minha droga, enfim. E o teatro foi por muito tempo minha terapia, me dói admitir que não é mais - mas voltará a ser quando puder, eu me prometo!

Eu agora vi que os sonhos são outros, eu vi o valor da emoção de novo. Eu estava tão racional. Estava (e estou) me jogando nas exatas, estudando (e continuo, não pretendo parar), racionalizando, negando o ilógico, ponderando, escondendo-me. Eu fui até tímida por muito tempo. Não sei como me tornei, eu era tão falante, e gargalhante, tão feliz! eu não sou infeliz, mas não tenho um sorriso estampado na cara, e também já não escrevo bem como antes (eu já nem escrevo. estou quase me obrigando a escrever isso aqui, porque sei que é escrevendo que sei me expressar melhor - olha aí, estou negando expressões)

eu reconheço o valor das emoções, do amor, da pureza, da dúvida, da incerteza. reconheço que tenho que sentir mais e deixar fluir tudo ao meu redor, sem me isolar de nada e nem ninguém porque ninguém é uma ilha (acho eu). Não é só isso que o show me permitiu pensar, eu lá pensei em tanta coisa pra escrever, um raro momento de inspiração, porém demorei pra passar pro papel, e tão rápidas como as idéias vieram à mente, se foram. Ainda sinto de leve o abrir de olhos que esse show me proporcionou. Com o perdão do clichê maior de todos, desabrochei.

9.7.08

velório

[ontem ia ser meu último dia de teatro do semestre, então tinha que apresentar um monólogo a minha escolha. eu não gosto de monólogos e acho eles sem sentimento algum, acho que o teatro perde o sentido de ser em monólogos. enfim, mas era o que eu tinha que fazer. vesti-me de longo preto, pus umas luvas pretas, prendi o cabelo em coque e pus um batom vermelho. me veio a idéia de fazer um velório. um velório de uma parte de mim. ficou meio bizarrinho e muito metafórico o texto que eu criei, mas como não pude apresentar nem esse nem nenhum, para que ele não se perca, publicarei aqui]

hoje morre esta menina que sorri, que fala, que canta, que não tem vergonha, que samba, que faz o que lhe apetece.
Olha, lembrar é bom.
Lembrar da velha libido, das velhas gargalhadas, dos velhos desejos.
Sim. Comemorar a vida! Dançar 8 horas seguidas sem parar, beber vinho barato até vomitar, gritar até perder a voz, rir até doer muito.
Um deleite! Me tocar, assim, me permitir.
Deixar que alguém me toque, necessitar do toque, arder, arder, arder.
Um sorriso pintado a noite inteira. E essa tragédia que é viver, essa tragédia.
Tanto amor, que fere e cansa.

We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
We might die from medication but we sure killed all the pain.
(repetir infindavelmente)

me levantar.
Eu hoje aqui, apática. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim.
Eu hoje, aqui, só. Eu, em uma ilha. Eu, sem emoção. Eu, sem cor. Eu, e meu fim.
soy yo, mi amigo, soy yo. por favor, me reconheça. ou não, ou passe direto num encontro desses casuais, passe sem falar de propósito, passe pensando "coitada", passe rindo do destino que você acha que eu tive. passe, passarão, passarinho, todos vocês! não aceito mais frases do quintana, já não me apetecem mais. e o que me apetece? a agonia de toda essa paz - o silêncio me dói e alimenta meus dias.

3.7.08

um pedaço de euforia nesta minha apatia constante

faça graça.
o colorido que me envolve e chega a seu ápice na minha gargalhada mais sincera.
o cheiro dos seus cabelos despetalando a minha timidez, expondo-a, dizendo-a: pra quê?
eu sem saber dizer. mas o não dizer foi o que havia de melhor, o não dizer foi a razão dos meus sorrisos. você é um pedacinho de carnaval, no meu dia de chuva.
eu sei que ontem não choveu, mas tem chovido tanto ultimamente. nem parece que eu vivo numa das mais ensolaradas cidades. nem parece, nem parece. nem parece que você é assim tão velho, você não tem as marcas do tempo. eu tenho. eu pareço mais velha.
você é mais um desconhecido que possui o seu encanto por ser desconhecido, esta é a tua graça, continue no anonimato. só pra mim, só pra mim. para os outros você brilha, porque é estrela já pré-determinada, seu destino é mesmo este, seu destino é dançar no topo dos teus sonhos.
o que há de desconhecido é o que sempre me atraiu, porque eu me permito imaginar, porque eu me permito desenhar o que você ainda não me mostrou. sorrir inteiramente, meu pedacinho de carnaval. muito obrigada por me conceder sem saber um pedaço de euforia, nessa minha apatia constante.