3.4.09

a ordem e o tédio

paz e escrita não combinam
algo tem que estar fora do lugar, para que de fato se tenha inspiração, para que se tenha a tal vontade e/ou necessidade de escrever.

E isso é quase um axioma! Me lembro daquela frase, que eu li em algum lugar há algum tempo e que guardei na memória, por fazer sentido. "Tempos de paz geram homens fracos". Não sei de quem é a frase, não sei o que a motivou, mas é provável que tenha partido de reflexões bem parecidas com as minhas de agora. A gente sabe que a poesia mais bela de um povo é extraída em tempos de opressão e crise, a gente bem sabe que amor e dor, quando sinônimos ou não, são as mais frequentes inspirações para os mais belos textos.


quando está tudo na mais perfeita ordem (como meu momento de agora), escrever pra quê?eu escrevo quando algo me balança, quando eu sinto alguma coisa, seja o êxtase, seja a dor, amor ou luto - paz, ausência completa de turbulências, de emoções, não estimula criatividade de ninguém.
é por isso que escrevo pouco. porque não tenho amado, nem chorado, nem gritado de felicidade pelas ruas. minha felicidade é constante, e tudo que é constante não me parece válido relatar. Causa tédio só de pensar.

quero relatar discrepâncias, transformar dores em ficção, falar do êxtase, do arrependimento, da dúvida, da angústia. Quero que mude mude mude tudo, até que até a mudança me traga tédio. Hoje quero mesmo algo novo, pra me tirar dessa apática felicidade de tododia.
Quero surpresa, mudança e turbulência. Quero ter meia hora pra mudar a minha vida. É como dizia a música que eu tanto ouvia..
"De qualquer forma, não me queixo. O inesperado quer chegar, eu deixo"
Ah... e se deixo, viu.