13.9.07

Poesia em prosa

sinto-me presente. De presente, sinto. De repente, sinto.
Sinto no presente. Quem não cala mente, mente também aquele que não fala.
Feita de mentiras é a nossa casa.
Soltou da minha mão quando enxerguei o chão. De repente sinto.
De repente existo. Sinto o chão em mim, a dor de não sentir.
Lutar pode doer. O sangue já não cai mais de tanto sangue que derramaste antes sem justa causa.
Venha conversar. Venha contemplar.
Contemplar a vinha, ver o mar. Maresia que sopra.
De longe sinto e procuro escutar.
És o mar, és o ar, és o tempo e és meu lar.
Já não sei. Não sei se já. Sei que não. Ou não, eu já sei. Confusão.
O que é entender, o que é me perder.
Meu olho na janela. Me olho na janela. Espelho de mim mesma. Mim no espelho mesmo.
Português não é razão. O que pode ser certo, o que é sua lição?
Às vezes meu coração bate no ritmo errado, desaprendo meus gestos e venho a cantar.
Canto como quem não houve a própria voz. Para onde estou indo, o que foi feito de nós?
Nada me pertence e a nada pertenço eu. Me nade, me pertence, me perca por nada.
3 meses de amor sem garantia.
3 vezes sem juros de alegria
Encoste o sol no mar e compreenda sua euforia.
Fazer sentido pode não fazer sentido algum.
Como se houvesse uma linha por onde seguir.
Quem a desenhou?
Quem a descobriu?
Quem me limitou?
Quem espera mais da vida põe o dedo aqui. Não põe o dedo onde não foi chamado, não vá chorar pelo leite derramado
Aguente o espelho quebrado, deite-se no gramado e ponha-se a chorar. ou a rir.
Viva no teatro da vida, no clichê, no melodrama. O que é duro é duro e não quebra nem que a tal da água mole bata por dias inteiros. Adeus.


Escrevo para você, que não me conhece. Na esperança de que venha um dia a ler.