Acordei com a cara amassada e olhos de ressaca. Não os olhos de ressaca de Capitu, não aqueles, queria eu que deus tivesse me abençoado com este poder de sedução. Meus olhos de ressaca são aqueles inchados, com maquiagem borrada e muitas olheiras. Importantíssimo ressaltar: não eram só os olhos que eram ressaca, eu era ressaca por inteiro. Não sentia enjôo ou dor de cabeça. Não, não é isso. Acordei só com uma sede fenomenal e fiquei me nostalgiando das besteiras que fizemos ontem. Eu bebi algumas, claro, aqui está a minha juventude sendo aproveitada ao máximo, o rock tem que rolar, estou no auge, depois vem 3 toneladas e meia de responsabilidade, marido com barriga de chopp, menina pequena e descabelada chorando no meu ouvido e uma poltrona no dia de domingo. (deus que me livre de tanta quadradice). porra. tem hora que eu paro e penso que eu quero mesmo é viajar, é curtir é ter tudo só pra mim, farinha pouca meu pirão primeiro, como já diria a "sabedoria" popular. Mas porra. Só de pensar. Eu velha, sozinha e rica, it won't make sense, vou morre sozinha, não terei a quem ensinar tudo que eu aprendi viajando pelo mundo, lendo madrugadas adentro ou mesmo chegando bêbada em casa escondida de madrugada, e rodando a chave devagar pra não fazer barulho. não terei adolescentes a rondar pela casa, a chegar com cheiro de cigarro e vodca barata em casa, nao vou ter nada pra me lembrar assim de leve essa minha juventude. Se agora eu sei que tá bom, pode ter certeza que quando passar a saudade vai dilascerar. Porque envelhecer dói. Porra, dói. Dói porque você aprende mil coisas, e quanto mais se sabe menos feliz se é. Melhor seria ignorar eternamente, mas aí num tédio sem fim, seguiria as massas, ouviria pagodão e sertanejo e assistiria a novela todos os dias. Não. Não. E dói porque sua pele desidrata, seus peitos caem, você parece que seca, parece que o que há de melhor em você foi sugado, abduzido. Porra, envelhecer deve doer mesmo.
É por essas e outras, meu bem, que eu digo e continuo dizendo: não troco meu deleite por nada! tenho mais é que viver. All my dreams are made of strawberry lemonade e mesmo assim eu sei fazer o rock rolar. Nothing, nothing, nothing is gonna change my world. Nada vai me enquadradar, me encaretar. Não. Eu não serei uma velha homofóbica, amélia, servir a família. Não. A sorte que me livre deste maledeto destino.
25.12.08
três pontos
vou escrever um livro.
arte pela arte. sem nada de mim lá dentro. seco. sem cor.
para derramar meu lirismo eu já tenho esse blog.
(tenho lido e relido os textos, e achado todos péssimos)
20.11.08
back to hell
quero me esconder, não acho aonde.
fiz promessas, não sei cumprir.
tem gente esperando de mim em todos os âmbitos da minha vida.
não quero nem pensar em atingir a essas expectativas.
agora queria um lugar pra ficar só, eu, meus discos e livros e nada mais, quero me esconder, ninguém pra me ver, ninguém pra comentar, ninguém pra julgar, pra orientar, pra apontar, pra dar conselho. se teu conselho fosse bom, tu vendia.
eu tô exposta que nem ferida aberta, e dói, viu.
está tudo tão plano e claro que eu não encontro uma sombra ou canto para me estabelecer, para estar sozinha, para estar em paz.
16.11.08
o que é bom dura pouco (ou ao menos deveria durar - assim ninguém jamais se entediaria com o que foi feito pra entreter)
a euforia passou, só sobraram uns pedacinhos de lembrança, de nostalgia
e uma vontade ínfima de que se repita tudo, mas como antes, e não como agora, e não nesse clima repetitivo de agora. não que agora não seja bom, mas antes era antes, e tinha o gosto de novidade, tinha o gosto de eu estar saindo do inferno pro que houve de melhor em minha vida. o que há de bom se se prolongar gera comodismo, e eu não quero me acostumar, não existe sentimento que me cause mais asco do que aquele tédiozinho que dá quando você se acostuma com as coisas que antes eram boas.
28.10.08
so sorry, it's over
todo mundo aponta e fala, sem conhecer as circunstâncias.
eu também aponto, também julgo. o que falta no mundo é espelho.
não o espelho que estimula a vaidade, o que mostra o rosto maqueado. Mas o que mostra o que é real, um espelho que reflita o que há por dentro, sem máscaras, sem as falsas imagens que tentamos ostentar. Mas de tão podres, nos auto-destruiríamos - como aguentar ver tais imagens e associar a nós mesmos? não aguentamos a verdade, ela dói.
eu encho de eufemismos o que aconteceu, porque talvez nem importe tanto assim, mas é mais bonito que não importe, é mais cool que eu finja que tá tudo igual. tem muita coisa que foi colocada em jogo por um segundo apenas, por alguns copos de cerveja, por algumas inconsequências. quem tá de fora não enxerga.
quem tá de fora não vê - julga. não entende - crucifica. não há quem esteja por dentro, quem entenda as sutilezas.
fecho os olhos, desconfundo, sorrio e espero pra ver.
do futuro eu não sei NADA!
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