6.4.09

das inspirações repentinas

é um paradoxo. cruel paradoxo.
Há poucas coisas mais lindas e que dão mais prazer do que um momento de inspiração repentina. Do que escrever initerruptamente, sobre tudo e sobre todos, do que sentir as palavras fluirem como não fluem quase nunca.
Entrementes, esses momentos, além de raros, geralmente são nas horas mais impropícias.
Não raro são em madrugadas insones, quando se tem algo importante no outro dia de manhã cedinho. Mais frequentemente ainda, ocorrem quando não há papel, nem lápis, nem nada que possa registrar seus brilhantes pensamentos ao alcance de suas inquietas mãos. você pensa que escreverá quando chegar em casa, mas invariavelmente o tempo terá desbotado sua vontade de escrever e suas idéias brilhantes cairão no esquecimento antes que você alcance um papel ou algo que o valha.
Eu seria incapaz de dizer-vos quantas belas frases eu perdi no abismo das inspirações em horas impróprias. Queria encontrá-las, mas já declarei-as dentro do conjunto das coisas que perdi pra sempre.
E vale registrar: não sem luto.

sobre a irresponsabilidade

eu descobri por mim mesma verdades que sempre me disseram mas que eu nunca atribuí a elas o valor necessário.

não há excessos sem compensações.
essa conversa de que só se aprende se cair é tão verdade.é mais uma das verdades que de tão verdades todos sabem, de todos saberem, banaliza, e de banalizar, a gente subestima.
o melhor remédio para aquele que erra é sentir o gosto de fel da consequência. eu não creio em muita coisa, mas o pouco que eu vivi neste mundo me fez observar que não há mesmo ação sem reação. que tudo que vai volta de algum jeito.

que as vezes o que se leva tempo pra construir desmorona mesmo em dois segundos por uma única atitude impensada. que o tempo não volta e muitas vezes, incontáveis vezes, o crime não compensa.

3.4.09

a ordem e o tédio

paz e escrita não combinam
algo tem que estar fora do lugar, para que de fato se tenha inspiração, para que se tenha a tal vontade e/ou necessidade de escrever.

E isso é quase um axioma! Me lembro daquela frase, que eu li em algum lugar há algum tempo e que guardei na memória, por fazer sentido. "Tempos de paz geram homens fracos". Não sei de quem é a frase, não sei o que a motivou, mas é provável que tenha partido de reflexões bem parecidas com as minhas de agora. A gente sabe que a poesia mais bela de um povo é extraída em tempos de opressão e crise, a gente bem sabe que amor e dor, quando sinônimos ou não, são as mais frequentes inspirações para os mais belos textos.


quando está tudo na mais perfeita ordem (como meu momento de agora), escrever pra quê?eu escrevo quando algo me balança, quando eu sinto alguma coisa, seja o êxtase, seja a dor, amor ou luto - paz, ausência completa de turbulências, de emoções, não estimula criatividade de ninguém.
é por isso que escrevo pouco. porque não tenho amado, nem chorado, nem gritado de felicidade pelas ruas. minha felicidade é constante, e tudo que é constante não me parece válido relatar. Causa tédio só de pensar.

quero relatar discrepâncias, transformar dores em ficção, falar do êxtase, do arrependimento, da dúvida, da angústia. Quero que mude mude mude tudo, até que até a mudança me traga tédio. Hoje quero mesmo algo novo, pra me tirar dessa apática felicidade de tododia.
Quero surpresa, mudança e turbulência. Quero ter meia hora pra mudar a minha vida. É como dizia a música que eu tanto ouvia..
"De qualquer forma, não me queixo. O inesperado quer chegar, eu deixo"
Ah... e se deixo, viu.

1.4.09

e leve tudo de mim, já não tenho medo da dor...

17.3.09

sobre os desejos inadiáveis

quero abraço bom, apertado. quero encostar a cabeça num ombro e fingir que esqueci de todas as pequenas coisas chatas que têm inundado meu novo dia-a-dia.
quero encontrar espaço dentro de um abraço qualquer, quero encaixar-me no corpo alheio como antes costumávamos ser (um só, sem saber). quero um elogio bem sincero, daqueles que me faça ganhar o dia. quero guardar o gosto da saudade pro tempo não desbotar. quero alternar entre carinho e desejo até que o sol venha e vá de novo, até que ambos se confundam e virem um só (sem saber). quero não olhar relógio. quero e quero agora, se for amanhã não dá.

é verdade que vontade dá e passa - o que me faz querer satisfazê-las todas antes que dê tempo de passar.

3.3.09

das relações humanas


um espera daqui, outro de lá:
nenhum dos dois se alcança.
não encontram linguagem em comum
e perdem-se no abismo da incoerência.
não adianta que dêem-se as mãos, que orem,
que amem. perdem-se. desenlaçam-se.
porque são fadados a ser sós. e de sós, livres.
[o tempo come toda e qualquer lembrança que possa existir.]  


e o esperar, a esperança, não tem nenhum propósito além de libertar aquelas almas que, indo contra o fluxo inevitável das coisas, ainda teimam em se unir.

Egocentro


preciso falar de mim
preciso falar que não sei e que não quero mais atingir expectativas
preciso subir num palanque e gritar pro mundo que eu quero ser eu e fim. 
que eu quero ter prazer em exercer o simples ofício de viver do meu jeito, de agir do meu modo, de pensar assim agora e assado depois, da forma que me apetecer.  
quero a minha individualidade a gritar, não sou padrão! não sou padrão! não sou padrão! 
Ainda que seja. Ainda que lute pra ser. Quero, por meus próprios méritos, declarar-me minha. Minha, só minha, e não de quem quiser. 

esperar pelo agora



se fosse do nosso feitio esperar apenas pelo agora,
tavez fôssemos eternos.
a finalidade do fim é apenas causar em nós essa tal dúvida do que fazer agora, se abraçar o presente, se esquecer o passado, se lutar pelo futuro. estes tais conceitos, que só confundem, como se não fosse tudo uma só coisa, coisa que a gente também conceitua, que é a vida. 

se esperássemos somente pelo agora, quantos agoras haveriam? 
e se não houvesse pressa? e se não houvessem dias todos os dias? 

tears dry on their own


quando o mundo cai, o chão em baixo dos pés some
quando tudo que a gente acredita desmorona
a gente chora chora chora
desidrata de chorar. desacredita.

mas, invariavelmente, passa.
toda e qualquer tristeza tem remédio, o tempo. 
e se todos tem repetido isso exaustivamente, é porque é verdade. verdade demasiadamente verdade. daquelas que de tão verdade, de tão óbvia, a gente desconsidera. dizer que vai passar não é consolo pra ninguém. mas sempre, sempre, sempre passa. 

17.2.09

Amarga

"em cada esquina cai um pouco a tua vida, em pouco tempo não serás mais o que és.

ouça me bem, amor. preste atenção, o mundo é um moinho. vai triturar seus sonhos tão mesquinhos. vai reduzir as ilusões a pó. preste atenção querida. em cada amor tu herdarás só o cinismo. quando notares, estás a beira de um abismo. abismo que cavastes com seus pés"

de novo, a mesma música. porque ela traduz o que eu sozinha não saberia dizer.
hoje estou amarga e descrente. hoje choveu. choveu em mim. mesmo que fosse sol lá fora, eu sentiria chover mesmo assim.


9.2.09

Cliché

Dá náuseas só de pensar que tudo tudo tudo a minha volta virou clichê.

por que não posso achar bom o que é banal?
por que não copiar, usar palavras repetidas, ser senso comum?

POR QUE NÃO?
que mania chatinha essa de querer ser diferente.

1.2.09

Existirmos: a que será que se destina?

Será que é assim pra isso mesmo, pra experimentar o gosto das coisas, e nunca conseguir definir pra sempre se são mesmo bons, ou ruins? 

Será que é assim pra isso mesmo, pra mudar de idéia o tempo inteiro, pra viver agora e esquecer depois?
Ou pra passar por mil e tantas fases, pra mudar de cinquenta jeitos diferentes, pra consolidar um bloco assim (não sei se sólido ou se intangível, abstrato) de conhecimento que vai conosco ao túmulo?

São só perguntas, perguntas que com a finalidade de explicar, confundem ainda mais.

Confusa ou não, carrego uma certeza, entre muitas que tenho e que vou deixando pelo caminho. 
Estou na fase boa da minha fase de agora, que vai passar, eu sei, não sei se em breve ou se depois, mas sei que sempre nos parece breve quando chega ao fim. 
Sei que vai passar, não tenho vontade de segurar o tempo, só quero aproveitar o que me veio de bom, o que a sorte me concedeu de bom e sorrir, sorrir e sorrir enquanto posso. Que existir, pra mim, nesse momento, tem a ver com usufruir, aproveitar, "é tempo de colher o que semeou e desfrutar". 

Apenas a matéria vida era tão fina....
....A cajuína cristalina em teresina.

18.1.09

ensaios pueris

crianças são seres fantásticos. são fonte inesgotável de conversas inesquecíveis.
diversão initerrupta. qualquer assunto dá pano pra manga, qualquer mínima coisa dá motivo pra gargalhadas, pra abraços repentinos, pra sorrisos sinceros.

deu vontade mesmo de levá-la pras estrelas do céu do meu quarto.