26.2.08

Nublado em mim

Está sol lá fora, mas nublado em mim.
Enganei a mim mesma o tempo suficiente pra que a realidade me batesse na cara.
sinto-me podre por dentro, e apodreço mais por não compreender meus motivos.

quero expor-me ao íntimo, quero pôr nestas letras cada ínfima parte do meu desespero mudo, da minha dor lenta, da melancolia em que me enfiei.

a dor é uma decisão.
decisão de não aceitar o estado que me foi designado desde que nasci, que me acompanha aonde quer que eu vá.
é uma decisão não lutar contra este estado.
é uma decisão fingir não me importar.



sinto como se fugissem todos. escondem-se, assistem de camarote enquanto eu luto duramente com a realidade. Enquanto estou de eterno luto. Enquanto choro imóvel, enquanto tiro cada dia um pedaço de mim, sem mover um músculo. Luta? Não há. Não ouso me mover.

Sou submissa. Aceito. Não questiono. Deixo que um simples detalhe leve embora a cor do meu rosto. Deixo que meus raros dias de sol se despedacem sem reclamar.
Quero dormir e sonhar com outra mulher que não eu. Qualquer que seja. Qualquer uma que não precise fingir.


Eu sou uma farsa.