28.12.07

Feliz Ano Velho.

Quando chega o fim do ano, é natural começar a pensar no que foi o ano que passou.
Este ano foi tão rápido, mas arrastou-se dentro de mim. Como se eu o tivesse empurrando em direção ao seu fim. Porque não, ele não foi dos mais agradáveis. Foi um ano de solidão. Não da solidão no pior dos sentidos, mas de estar só. Lembro-me claramente de andar sozinha no British Museum, e no que eu escrevi naquele dia, no meu caderninho de viagens. Prefiro a minha própria companhia. Foi um ano de beijos vazios - todos eles, sem exceção. Não busquei me relacionar. Descobri também que não quero tantas pessoas em minha vida. Conheci tanta gente, tanta gente sem propósito. Gosto de gente que me faça querer pensar.
Eu apareci na televisão, em 2007. Pra mostrar meu maior fracasso :)
Este ano eu pude ver o que é perder. O que é apostar todas as suas fichas, dedicar seu tempo das sete da manhã às nove horas da noite todo santo dia, sem tempo pra comer ou pensar, pegar ônibus lotado sem saber pra onde, perder rios em dinheiro, perder aulas que você sabe que não pode perder. Soube o que é perguntar-se se vale a pena. Soube o que é tornar-me responsável de uma hora pra outra. E soube o que é ver nenhum reconhecimento. É, meu bem. Eu não vou esquecer. 113 votos. Talvez não fosse tão importante assim...
Lembro-me bem, que tomei umas latas de cerveja e cheguei até a rir, depois, mas isso é natural, rir do nosso próprio fracasso, ri das minhas lágrimas que ainda nem tinham secado. É o poder do álcool. :)
Penso em 2007 e vejo claramente 4 fases. A primeira e a melhor de todas, regada à êxtase, cigarros, cerveja e carnaval, beijos muitos e bons, promiscuidade à flor da pele, e quem vai se importar? Depois veio a fase só. Amigos que se afastam em segundos, ora, cada dia me surpreendo mais com a efemeridade das relações. Dessa fase, lembro-me claramente do fim. Beijos proibidos regados à tequila num banheiro pequeno. E lágrimas no dia seguinte. Parece um drama, uma novela. E a terceira e melhor das fases, a viagem. Cuja importância não dá pra descrever. E a quarta fase, a fase em que eu me encontro agora. Uma fase mais tranquila. Cheia de inseguranças, cheia de altos e baixos. E com muito tédio. Tão tranquila. Fase de voltar pra casa antes da festa começar.

Há muito o que mudar, pra começar tenho que ser menos ingênua. Não sei até quando posso suportar as pessoas dizendo que eu sou precocemente madura, e coisas do tipo. eu não sou. Sou tão bobinha, tão inocente. Ainda espero alguém pra me impressionar, eu ainda sonho. Não espremeram minhas emoções até o fim.

Lembro-me que chorei nos instrumentais do teatro (mas a dor é fato), lembro-me que ri sozinha de livros que lia. Escrevi mais, li mais. Pensei mais. E que venha o novo ano. As novas dores. Meus novos quereres, minhas novas lembranças.

Nenhum dos pedidos que fiz na virada do ano se realizou. Mas foi bom assim, há coisas que eu acabei aprendendo com essas novas fases que eu nem sonhava em saber. Eu cresci - e vou mudar ainda mais nesse novo ano. Sinto-me tão incoerente falando de anos, sabemos nós que anos são determinações do ser humano, que é mais uma estratégia pra que o indivíduo esvazie seu tédio e encha-se de falsas esperanças a cada 365 dias. Talvez seja o máximo que possa aguentar, porque no fim o que resta é um céu sem fogos, todo mundo igual, uma praia suja e uma garrafa de sidra quebrada no chão. Eu vou mudar sim, daqui pro fim de 2008. Mas no dia 31 de dezembro, quando os fogos estourarem, a única mudança vai ser a falsa sensação de esperança que vai se instalar em mim.