10.11.07

Sobretudo

sobre ondas e mal-vividos sonhos, sobre gente que arde.
sobre aquela voz, que, presa na garganta, jamais pôde ser calada.
sobre quem acorda à noite pra escrever cartas à ninguém.
sobre a noite que se mantém intacta, alheia ao tempo.
sobre a lua, que quando nova perde o brilho.
sobre a mais premente necessidade do ser humano.


sobretudo, sobre tudo.
estou perpassando sobre tudo, revisitando as más vistas, dançando de olhos fechados.
Não estou a voar, mas vejo tudo de cima. O fio de vida que me mantém em pé é rarefeito como o ar ao redor. Observo as cinzas. De velhos textos, de velhas vontades. Daquilo que jamais cheguei a passar a limpo. É inverno agora. E deu no jornal que é o maior frio já visto até então.