31.10.07

Auto-exílio.

Amar a quem?
Lanço um apelo a essa brisa que hoje sopra, pra que meus medos não se escondam atrás da porta
e venham cá, te olhar nos olhos, te encarar

Pra que essa cortina de fitas de cores e samba se mantenha dentro de mim a cada sorriso, ainda que raro.
Peço ao céu que seja do mesmo azul pra sempre, pra que o que eu lembro jamais se apague e para que um filho meu possa olhar na mesma direção.
E que as palavras se desenhem em si mesmas e corram atrás dos vazios que os jovens deixam.
Para que eu possa dançar de mãos dadas com o tempo, na praça em Barcelona, com lágrimas nos olhos e com a pele intacta.
Devaneios que corto pela raiz para evitar a tão temida ilusão, os quero de volta, com a capacidade de crê-los.
Quero poder acreditar, reacreditar.
Quero o mundo menos clichê,
um pouco mais de amor. um pouco mais de brilho nas manhãs.
Para todos, seja em que fuso estejam.

O tempo não deixou voltar. Quero de volta as lágrimas que sequei, os risos que abafei.

Farta estou de medir-me, conter-me diante de ti - Quem é você?
Não sei a quem escrevo, não sei quem escrevo, sei quem me escreve.
A mulher que me escreve costumava sorrir ao se olhar no espelho.
Agora o espelho quebrou e ela casou-se com o vento. Percorre o mundo em novos ares,
se alimenta de luz. Dorme sem sonhar, e sonha sem dormir.

Passa madrugadas fazendo planos prum futuro que pode não vir. Dê-me a ingenuidade da mulher que me escreve de volta, é preciso reaprender a cumprir promessas.