26.2.07

sem fim

~
vou de lá, vou de cá, me procuro sem cessar
uma explosão de vontades
de cores de curiosidades
implosão de curtos-circuitos de sentimentos sem nome
sem cor e sem cheiro e sem gosto
sentimentos sem porquê
promessas nunca terminadas, finais nunca alcançados.
vontades reprimidas retraídas oprimidas.

sorrisos escondidos e lágrimas que foram enxugadas antes de cair.

mostre-me tudo, mostre-me tua cara, mostre-me se sabe sangrar, se sabe suportar os reflexos dos meus atos nos seus.

mostre-me. eu quero ver.

outro retrato em branco e preto

minha vida entrou no trem e eu fiquei na estação vendo o céu fugir.
todos os meus amores não possuem cores;
todas as minhas ânsias fugiram pra onde meu corpo não possa alcançar.
Eu falava de mim, de você, de nós, da vida. Mas não havia ninguém pra ouvir.
Eu prefiro o silêncio.
Eu prefiro a calma. Eu prefiro o deserto que meu coração é e será, mesmo que eu às vezes tente tirar ele de lá.
eu prefiro me ter como companhia, eu sempre soube me fazer feliz, eu sempre soube ouvir meu próprio grito, pintar minhas próprias cores.
minha solidão é minha maior arma, minha maior virtude, meu maior trunfo.

eu amo a mim como nunca amei a ninguém, eu peço-te agora que saia do quarto e feche a porta antes que eu te peça pra ficar. Já conheço os passos dessa estrada, sei onde vai dar tudo. No final serei eu e o espelho e o único conforto é o meu desengano. dias tristes, noites claras. histórias de amor em bloco de notas com finais felizes que não existem
do nada parece que nada mais quer existir.
só essa vontade de estar .
no deserto, sem saudade, sem remorsos, só, sem amarras, parto embriagada ao mar.